postado em 10/11/2016 15:56
Se um investidor estrangeiro tiver interesse na compra do controle da operadora de telefonia Oi, ele poderá recorrer ao Programa de Incentivo à Revitalização de Ativos Produtivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou a diretora de Mercado de Capitais da instituição de fomento, Eliane Lustosa.
O banco lançou o programa em agosto. Com vigência até agosto de 2017, o programa terá R$ 5 bilhões para apoiar investimentos em "ativos economicamente viáveis, detidos por empresas em recuperação judicial, extrajudicial ou falência ou em crise econômico-financeira e elevado risco de crédito", como informou o banco em agosto.
O BNDES já havia sinalizado que a Oi estaria apta ao programa. Um dos interessados em comprar a operadora é o bilionário egípcio Naguib Sawiris. Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, no mês passado, Sawaris criticou o plano de recuperação judicial apresentado à Justiça pela Oi. "Basicamente, é um plano que assume a redução da dívida como a solução principal", disse.
O plano inclui a possibilidade de vender a unidade móvel. Para o empresário, a companhia deve se desfazer apenas dos ativos não estratégicos. O egípcio fechou acordo de colaboração mútua com os bondholders da tele para avaliar um plano de recuperação judicial alternativo - para fazer a sua proposta valer, o egípcio terá que convencer os atuais acionistas da companhia, uma vez que a lei no Brasil prevê a apresentação do documento pela empresa.
O BNDES é sócio e importante credor da Oi. O banco de fomento responde por R$ 3,3 bilhões do R$ 65,4 bilhões em dívidas da operadora de telefonia. Segundo Eliane, o trabalho da BNDESPar, empresa de participações do BNDES, visa influenciar a Oi a levar as discussões sobre os rumos da companhia para o conselho de administração.
"O banco lançou o plano de revitalização de ativos. Não é um plano para financiar sócios de empresas com problemas. Não é um hospital. O objetivo é apoiar potenciais compradores ou terceiros que tenham as garantias adequadas e a capacidade gerencial", afirmou Eliane, em entrevista ao Broadcast. Questionada, a executiva disse que "não há restrição" a investidores estrangeiros, desde que eles atuem no País.
JBS
A decisão de barrar a reestruturação societária da processadora de carnes JBS, tomada pelo BNDES e anunciada pela companhia no último dia 27, surpreendendo o mercado, foi em nome do melhor interesse da empresa, afirmou Eliane.
Segundo a executiva, foi feita uma análise profunda da operação. "O banco, e isso vale para o investidor institucional em geral, possui um papel diferenciado porque tem acesso ou a capacidade instrumental de fazer uma análise profunda", disse Eliane, em entrevista ao Broadcast. "Podemos nos dar ao luxo de fazer uma análise bastante fundamentalista dos detalhes, agora e mais adiante, da empresa", completou.
Para Eliane, o movimento das cotações das ações da JBS pode não ser um bom termômetro sobre a proposta de reestruturação societária. "O mercado reage nem sempre com toda a informação necessária. Às vezes, ele valoriza ou desvaloriza no boato, na percepção. A BNDESPar é um investidor de longo prazo. Nossa avaliação é fundamentalista", disse a executiva.
"Há discussões em relação à forma como a operação foi colocada. Não queria entrar em detalhes, mas essa discussão foi feita com a empresa. Algumas características do desenho da operação implicavam uma estrutura sobre a qual tínhamos alguns questionamentos", disse Eliane.
Vale
O BNDES não entra nas discussões sobre a mudança no comando da diretoria da mineradora Vale, afirmou Eliane. Segundo a executiva, o banco participa das negociações em torno do novo acordo de acionistas e quer levar processos decisórios da companhia para o conselho de administração, e não apenas deixá-los no âmbito das reuniões prévias de sócios, previstas no acordo.
Tanto o acordo de acionistas da Vale quanto o mandato de seu presidente, Murilo Ferreira, vencem ano que vem. Segundo Eliane, desde que a nova diretoria do BNDES tomou posse, em junho, o banco tem participado com os outros sócios na discussão da renovação do acordo.
"Em paralelo a isso, está ocorrendo uma discussão bastante positiva, junto com os demais sócios, Previ capitaneando, sobre trazer a governança, o processo decisório, para o âmbito do conselho de administração", afirmou Eliane, após lembrar que o acordo de acionistas da Vale prevê reuniões prévias entre os sócios.
Por Agência Estado