Vera Batista
postado em 20/11/2016 08:00
Até o fim de novembro, cerca de 84 milhões de trabalhadores receberão a primeira parcela do 13; salário. O benefício vai injetar R$ 197 bilhões na economia, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com a renda extra na mão, é preciso analisar com calma o que fazer com o dinheiro, especialmente em um momento de inflação e juros elevados e de previsões nada otimistas no mercado de trabalho.
A prioridade, segundo especialistas, deve ser o pagamento de dívidas, principalmente as mais caras (que cobram juros maiores), como cartão de crédito e cheque especial. Mas, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a opção dos brasileiros parece ser outra. De acordo pesquisa desses órgãos, apenas 27% dos entrevistados não vão gastar o 13; nas compras de Natal. E desses, 26,6% pretendem quitar dívidas e organizar a vida financeira e 26,4% guardarão uma parte para pagar os compromissos do início do ano, como matrícula e material escolar, Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) ou Imposto sobre a Propriedade de Veículos automotores (IPVA).
Os dados mostram ainda que mais de cinco em cada 10 brasileiros (52,9%) vão dirigir parte significativa dos recursos para as comemorações de fim de ano. Algumas pessoas, destacou o levantamento, lançarão mão de estratégias para aumentar a renda: 41% farão bicos para complementar as despesas com os mimos natalinos, principalmente, os mais jovens (50,1%) e as pessoas das classes C, D e E (44,8%). ;Embora muitos não tenham ainda se acostumado a fazer poupança, percebemos que aumenta a preocupação com o futuro e com o equilíbrio financeiro.
O importante é resistir às tentações e cada vez que olhar para uma promoção se perguntar se aquilo é realmente necessário para sua vida;, explica o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli.
O auxiliar administrativo Roni Abreu, 32 anos, e a comerciária Caline da Mota, 25, pais da pequena Sofia, de três meses, vão usar o dinheiro extra para o bem-estar da filha. ;Tudo será para ela. Vou comprar berço, roupinhas e abrir uma caderneta de poupança para, quando Sofia crescer, poder pagar uma faculdade;, destaca Roni. Ele, que tem renda mensal de R$ 1,2 mil, não tem dívidas. ;Compro tudo à vista. Raramente uso cartão de crédito e não tenho cheque especial;, orgulha-se. Caline, que recebe R$ 1,4 mil mensais, fará o mesmo. ;Vamos arrumar o quartinho dela.; Os dois ainda reservam uma parte da renda para fazer caridade. ;Compramos cestas básicas para ongs que acolhem crianças;, conta.