Margareth Lourenço - Especial para o Correio
postado em 20/11/2016 08:01
A crise econômica trouxe um reflexo positivo: o brasileiro está empreendendo mais. O desemprego e o endividamento financeiro motivaram a população a buscar novas fontes de renda. De acordo com pesquisa divulgada pelo Sebrae, na média da população adulta do país (entre 18 e 64 anos), em 2015, a taxa total de empreendedores chegou a 39,3% ; o maior nível da série histórica, iniciada em 2002. Estima-se que 52 milhões de brasileiros nessa faixa estavam envolvidos na criação ou manutenção de algum negócio, na condição de empreendedor em estágio inicial ou já estabelecido. A pesquisa utilizou a metodologia da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que considera empreendedores todos os indivíduos que já possuem um negócio, formal ou informal, ou estão envolvidos na criação de um deles.
No ano passado, a professora Janaína Almeida Palmar abandonou o emprego formal para empreender. Começou a produzir, em casa, acessórios de papel para festas infantis e criou a marca Confraria do Sino. ;Queria ter mais tempo para cuidar da minha filha pequena. Precisava de flexibilidade de horário, de independência. Como sempre gostei de fazer artesanato, resolvi arriscar, e está dando certo;, conta. O negócio ainda não garante a Janaína uma renda fixa que a sustente. ;Tudo o que ganho reinvisto na empresa. Mas as encomendas estão crescendo. Meu foco, agora, é me profissionalizar como microempreendedora;, destaca.
A busca pela flexibilidade de horário, principalmente para cuidar dos filhos pequenos, é o principal motivo pelo qual as mulheres buscam empreender. Dados da organização Rede Mulher Empreendedora, um grupo de apoio e capacitação, mostram que 75% delas tomam a decisão após a maternidade. Na classe C, a porcentagem aumenta para 83%. De um total de 1.376 mulheres pesquisadas em todo o país pela Rede, com o patrocínio do Facebook, 85% já empreendem e 15% pensam em empreender. As do Centro-Oeste lideram, com 22,3% do total.
Sonhos
Questionadas sobre as razões pelas quais decidiram se dedicar a negócios próprios, 66% das mulheres disseram poder trabalhar com o que gostam, enquanto 34% indicaram que empreender é realizar um sonho. O da advogada Cláudia Cozer, 36 anos, é a independência financeira. ;Não quero depender da aposentadoria do INSS. Quero manter meu padrão de vida. Para isso, tenho que começar a trabalhar agora. Escolhi o marketing multinível por acreditar que esse tipo de atividade se encaixa melhor no meu perfil e no meu ritmo de vida, pois não quero largar a advocacia por enquanto;, explica.
Desde março, Cláudia concilia a advocacia com a venda de cosméticos por meio de catálogos. Sua rede, hoje, tem mais de 300 revendedores. ;Toda semana, tem dinheiro entrando na minha conta. Estou muito feliz e satisfeita, pois ofereço para meus amigos um produto que uso e do qual gosto;, destaca. ;Minha expectativa é de que, em quatro anos, essa renda supere a do meu trabalho atual e eu possa receber os dividendos sem precisar estar presente fisicamente em algum lugar;, completa.