O Brasil desperdiçou a mão de obra de 22,9 milhões de pessoas entre julho e setembro, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O número, recorde da série histórica, iniciada em 2012, corresponde a 21,2% da população em idade ativa (acima de 14 anos), fatia que vem aumentando a cada contagem. No trimestre imediatamente anterior, o índice chegou a 20,9%, e, no terceiro do ano passado, foi de 18%.
Entre os quase 23 milhões desse conceito amplo de desempregados, não estão apenas quem procurou trabalho e não achou ; os chamados desocupados, situação de 12 milhões de brasileiros atualmente. Também fazem parte da lista os 4,8 milhões de pessoas com jornada abaixo de 40 horas semanais, que gostariam de estendê-las. ;Muitos empregadores mantêm os funcionários trabalhando o mínimo necessário, só para pagar os custos fixos;, explica o professor de finanças Marcos Melo, do Ibmec.
O IBGE também considerou subutilizado quem pode trabalhar, mas não busca emprego, e, ainda, a parcela que procura, mas não pode assumir a função, caso apareça. Fazem parte dessa força de trabalho potencial 6,1 milhões de brasileiros. ;É o caso de algumas mães que não têm com quem deixar os filhos;, exemplifica o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. Aos 19 anos, Silmara de Souza se encaixa no perfil. Para cuidar da filha, de 5 meses, ela têm precisado se manter longe do mercado de trabalho.
Levando em conta esses casos, o número de desempregados aumentou em 24 dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, na comparação entre o terceiro trimestre de 2016 e o mesmo período do ano passado. Apenas Tocantins e Piauí tiveram queda, de 19,8% para 19% e de 33,8% para 32,6%, respectivamente. No recorte regional, o Nordeste teve o pior resultado: no terceiro trimestre, 31,4% da força de trabalho se encaixava em um dos casos citados. A menor taxa, de 13,2%, foi registrada na região Sul.
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