postado em 24/11/2016 22:16
O enxugamento da rede física do Bradesco dependerá do desempenho de cada unidade e dos ganhos de sinergias com eventuais fechamentos, segundo o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. "Nossa rede de agências tem de corresponder à nossa presença nacional", destacou ele, em conversa com a imprensa, após reunião com analistas e investidores, acrescentando que essa análise é constante.
Trabuco admitiu que há sobreposição de agências com a compra do HSBC. O Bradesco conta com 5.242 agências, considerando as 851 oriundas do banco inglês. Em meio à ênfase dada às agências bancárias com a reestruturação anunciada pelo Banco do Brasil no último domingo, o vice-presidente executivo do Bradesco, Josué Augusto Pancini, fez uma apresentação na contramão, ressaltando os benefícios do tamanho da rede do Bradesco.
Escala
O presidente do Bradesco acrescentou, contudo, que o banco adquiriu o HSBC mirando ter uma maior escala no País, e que o ganho de sinergias virá em três anos tanto do lado das receitas como das despesas, que acabam pesando mais em um primeiro momento. "Com qualquer movimento de reativação da economia teremos números muito favoráveis de sinergias com o HSBC", garantiu o executivo.
De acordo com ele, o Bradesco está presente em quase dois mil municípios onde não tem concorrência com outros bancos e isso deve beneficiar a instituição na retomada da economia. "A rede física dos bancos não está superdimensionada, mas a realidade econômica é que faz com que a rede tenha superdimensionamento das agências", avaliou Trabuco.
Como o Bradesco abriu cerca de mil agências para compensar a perda do Postal para o Banco do Brasil no passado, ele disse que eventual parceria não desperta interesse da instituição porque sua rede já está completa. "Sempre podemos avaliar o que os Correios vão oferecer", afirmou.
Sobre eventual privatização dos bancos estaduais, ele disse que o Bradesco não é um candidato para aquisições dado o seu tamanho, que é "suficiente", mas que essa é uma alternativa que contribuiria para reduzir o déficit fiscal dos Estados. "A equação da crise passa por uma mudança no patrimônio dos Estados", destacou Trabuco.
Delação da Odebrecht
Trabuco afirmou que não acredita em uma deterioração do cenário no Brasil mais acentuada com a delação da Odebrecht à Operação Lava Jato. "Eu não acredito. Isso já está precificado", disse ele a jornalistas, após reunião com analistas e investidores nesta tarde.
Trump
Ainda sobre temas polêmicos, Trabuco afirmou que o discurso do presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, foi mais na direção de vencer as eleições, mas que, no seu mandato, sua posição deve migrar para um discurso mais central. Para ele, a agenda de desregulamentação do futuro presidente deve contribuir para reativar a economia americana. O executivo chamou atenção, contudo, para a necessidade de não restringir o comércio internacional.
"O comércio internacional com maior grau de liberdade é um dos responsáveis pela redução da pobreza nas últimas décadas. Se o comércio internacional se refluir pode impactar mais os mercados emergentes", destacou Trabuco.
Regras de capital
Em relação à lei que segmenta as regras de capital conforme o tamanho dos bancos, o presidente do Bradesco disse que as mesmas privilegiam os pequenos e médios, que são importantes para o sistema financeiro brasileiro.
Por Agência Estado