Rodolfo Costa
postado em 25/11/2016 07:34
Lojas cheias, vendas a todo vapor e muitas negociações na internet. Essas são as principais características da Black Friday, data em que o comércio oferece produtos com descontos aos consumidores. Desde 2011, quando desembarcou no Brasil, o evento ganha força ano após ano.
Nesta edição, não será diferente. Somente hoje, no comércio eletrônico ; o e-commerce ;, a Blackfriday.com.br, empresa organizadora, prevê um faturamento de R$ 2 bilhões. O valor é 33,3% maior em relação ao ano anterior. Considerado o volume acumulado nesse período de seis anos, incluindo a projeção para 2016, o montante chega a R$ 5,11 bilhões. É, disparado, o melhor dia para o varejo digital.
Tamanha é a expressividade da Black Friday que, em 2015, apenas na data do evento, o comércio eletrônico vendeu sete vezes mais em relação a uma sexta-feira comum, aponta a Cielo, empresa de meios de pagamento.
Embora não hajam muitos dados para o dia no varejo físico, lojistas asseguram que as vendas disparam. Principalmente em um cenário de crise econômica, hoje é um dia em que os varejistas estão apostando as fichas para reverter a queda nas vendas.
Em um país com um mercado consumidor crescente, como o e-commerce ; que mantém um crescimento anual médio de dois dígitos há duas décadas ;, faz sentido a Black Friday ser um sucesso. É a ocasião perfeita para os varejistas desovarem os estoques e preparem as lojas para o Natal. A ideia foi importada dos Estados Unidos, onde as ofertas de mercadorias ultrapassam 50% do valor normal. No Brasil, as promoções vão de, no mínimo 20%, a 80%.
No calendário
Há muitas hipóteses de como o evento se consolidou nos Estados Unidos. A mais aceita é de que a data surgiu em 2005, quando a polícia de Filadélfia apelidou a quarta sexta-feira de novembro daquele ano de Black Friday, depois de um tumultuado dia de vendas após o feriado de Ação de Graças. No Brasil, a data passou a ser incluída no calendário comercial pelo enorme potencial de negociações.
[SAIBAMAIS]Em território brasileiro, a data foi inicialmente implementada no e-commerce, mas a apropriação pelo varejo físico é um movimento que vem ganhando força. Nas duas vertentes do comércio, a expectativa é que o evento tenha vida-longa no Brasil, beneficiando mutuamente a empresas e consumidores, avalia o diretor da Blackfriday.com.br, Ricardo Bove. ;É um crescimento que tende a continuar, sem sombra de dúvidas;, avalia.
Para Bove, tamanho sucesso tem duas explicações: preço e cultura. Como a data é a grande oportunidade para liquidação de estoques, os varejistas oferecem produtos a custos menores, efeito que naturalmente agrada aos consumidores. Já a cultura tem a ver com a novidade de o comércio ter uma nova vitrine para vendas volumosas.
;No Brasil, tinham poucas datas que reunisse grandes vendas. Haviam algumas, como saldões, volta às aulas, e ações específicas de montadoras e grandes varejistas que faziam uma data própria de grandes promoções. Mas nada que congregasse tudo no calendário nacional, incluindo negociações no e-commerce e nas lojas físicas;, analisa.
Outra avaliação do mercado é de que a própria superação de problemas em edições anteriores ajuda a explicar o sucesso que a Black Friday terá este ano e tende a manter. Diferente de 2011, quando a adesão às compras na data foi imensa e os varejistas não estavam preparados para atender à imensa demanda, os lojistas, agora, estão mais aptos a lidar com a data, pondera Bove. ;Hoje, as empresas estarão com estoques condizentes para atender o tamanho da ação;, afirma.
A mesma maturação também veio dos consumidores, avalia Bove. Para ele, os compradores estão melhor preparados. ;Muitos já sabem que não são todos os produtos que ficam em promoção. Sabem pesquisar, comparar preços e utilizar as ferramentas disponíveis na internet para fazer a melhor compra. E, consequentemente, as reclamações são menores que há cinco anos;, diz.