A lua de mel do presidente Michel Temer com o mercado acabou. A confiança caiu pela primeira vez desde o impeachment de Dilma Rousseff, e o dólar, que chegou a R$ 3,10 no início do novo governo, voltou a fechar acima de R$ 3,40. A mudança do humor é resultado, em parte, do cenário externo adverso, com a eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, e das incertezas domésticas. Diante disso, os analistas pioraram as estimativas para a economia brasileira neste ano e em 2017. A aposta, agora, é de queda de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre.
A semana começa com ameaça à governabilidade de Michel Temer, instaurada pela saída do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, na sexta-feira. Também há temor sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato, com as denúncias dos executivos da construtora Odebrecht e a enorme lista de parlamentares envolvidos. Na opinão dos agentes econômicos, a única certeza é que o desempenho do PIB do terceiro trimestre, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará na quarta-feira, virá pior do que o anterior, o que mostra que a recessão está longe de acabar.
A mediana das estimativas é de retração de 1% entre julho e setembro na comparação com abril a junho, quando o recuo foi de 0,6%. ;O fundo do poço ainda não chegou. O quarto trimestre continuará negativo e, provavelmente, o início do ano que vem também será ruim. Só consigo ver recuperação da economia, ainda muito pequena, na segunda metade de 2017;, alerta a economista Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
O Ibre estava entre os mais pessimistas do mercado e previa, há tempos, apenas 0,6% de crescimento em 2017. No entanto, o instituto ainda não revisou suas estimativas após a eleição nos Estados Unidos. ;Vamos esperar a divulgação do resultado do PIB para revisarmos as nossas previsões;, avisa Silvia.
Outro especialista com previsões nada animadoras é o economista Simão Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP). ;Estou trabalhando com queda de 1% do PIB no terceiro trimestre e nada de crescimento no último trimestre;, diz. ;O desemprego vai continuar aumentando e os programas de estímulo à economia, como concessões e privatizações do novo governo, serão muito modestos. O ajuste fiscal precisa ser mais forte e o investimento só voltará a crescer em 2018;, explica o acadêmico.
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