Vera Batista
postado em 07/12/2016 07:05
A reforma da Previdência anunciada pelo governo desagradou as centrais sindicais, até mesmo as que têm ligação com o Planalto. Para Graça Costa, secretária de Relações do Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ;é um projeto cruel para ativos, aposentados e, principalmente, para as mulheres;. As consequências na economia, segundo ela, ao contrário do que o governo prevê, serão dramáticas. Graça lembrou que pequenas cidades dependem fundamentalmente de três categorias de rendimentos: a folha de pagamento dos servidores, a dos aposentados e o Bolsa Família. ;Se há queda em um desses itens, o impacto é tremendo no desenvolvimento do município;, destacou.
[SAIBAMAIS]A secretária da CUT ressaltou a falta de atenção para temas essenciais. ;Para os aposentados, a desvinculação das datas de reajuste daquelas previstas para o salário mínimo tem a clara intenção de reduzir os rendimentos e o consumo das famílias;. Mas o que mais preocupa, disse, é a paridade etária entre homens e mulheres, em um país em que maridos não compartilham as atividades domésticas. ;As mulheres têm jornada tripla. São responsáveis, sozinhas, por 30% dos lares. A maioria dos que defendem a reforma nunca teve a experiência de cuidar do dia a dia da educação dos filhos;, disse ela.
Para a CUT, há outros meios de resolver o deficit fiscal, como taxar as grandes fortunas e combater a sonegação. O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que só discutirá mudanças que prevejam um mesmo modelo para iniciativa privada, setor público e militares, em todos os poderes e nas três esferas ; e para os novos contratos de trabalho. ;Não vamos aceitar que uma pessoa embolse mensalmente dos cofres públicos R$ 30 mil e outra não tenha direito de ganhar mais de R$ 5,1 mil;, assinalou.
Confusão
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, garantiu que o pacote, ;do jeito que está, não passa;. ;O ideal era que o governo tivesse feito um debate amplo e detalhado. Mas só conseguiu abrir a porta para a maior confusão da história do Brasil;, reforçou.
As centrais prometem reagir. ;Lançaremos um referendo contra a PEC 55. Mesmo que ela seja aprovada, pediremos sua revogação;, destacou Graça Costa, da CUT. A UGT agendou para amanhã, em São Paulo, reunião com todas as centrais, às 11 horas, para discutir a reforma previdenciária.