Economia

Companhias aéreas em todo o mundo projetam lucro menor em 2017

Em 2016, a indústria da aviação ganhou US$ 35,6 bilhões; para o ano quem, a expectativa é de US$ 29,8 bilhões. Entidade critica sistema de impostos do Brasil, cuja demanda por passageiros caiu

Enviado Especial, Eduardo Militão
postado em 08/12/2016 10:15
Movimentação no Aeroporto JK: perda prevista de mais de R$ 20 bilhões nas aéreas do planeta está relacionada, principalmente, ao aumento dos preços do combustível
Genebra (Suíça) ; As companhias aéreas do planeta projetam um lucro menor no ano que vem. As empresas lucraram US$ 35,6 bilhões (R$ 121 bilhões) este ano, de acordo com relatório divulgado nesta quinta-feira (8/12) pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), em evento para jornalistas de todo o mundo. No entanto, a expectativa é que essa marca baixe 16%, chegando a US$ 29,8 bilhões (R$ 101 bilhões).
Na América Latina, cujas empresas aéreas tiveram lucro líquido de US$ 300 milhões (R$ 1 bilhão) este ano, a expectativa é de uma queda maior ainda, de 33%. Com um terço a menos nos lucros, as companhias da região devem obter apenas US$ 200 milhões (R$ 680 milhões) em 2017.
[SAIBAMAIS]A perda prevista de mais de R$ 20 bilhões está relacionada, principalmente, ao aumento dos preços do combustível. Ele é um dos principais itens do custo das companhias aéreas. O barril de petróleo, hoje cotado a US$ 44 em média deve subir para US$ 55. Já neste ano, as notícias não foram tão boas para as companhias, porque a taxa de crescimento do PIB mundial foi de apenas 2,2%, e as despesas das empresas não relacionadas a combustível foram 2% maiores.
Ainda assim o novo presidente da Iata, o francês Alexandre de Juniac, destaca que as companhias estão há oito anos no azul. Um exemplo é a própria rentabilidade registrada neste ano. ;É um lucro recorde;, disse em palestra na manhã de hoje. ;Este forte desempenho em lucratividade se estenderá em 2017;, afirmou.
Brasil em baixa
O número de passageiros embarcados, porém, não pára de subir. Foram 3,56 bilhões 2015, quantidade aumentada para 3,77 bilhões este ano. Para 2017, a expectativa é que sejam embarcadas 3,95 bilhões de pessoas em todo o mundo.
No Brasil, porém, o número vem caindo. A crise econômica atrapalha até os mercados ao redor do país, destaca Peter Cerdá, vice-presidente da Iata para as Américas. ;Por causa da crise política e econômica, a demanda caiu;, afirmou ele, em conversa com jornalistas latino-americanos. A capacidade doméstica baixou 12%; a internacional, 4%. Os custos operacionais cresceram 24%, enquanto as receitas subiram apenas 3,7%.
Foram transportados 97,8 milhões de passageiros no Brasil. Mas a Iata entende que isso pode aumentar para 167 milhões em 2035 caso sejam feitas mudanças no cenário nacional. O número de empregos gerados é de 1,1 milhão de pessoas, que poderia subir para 1,8 milhão. Já a participação no PIB, hoje de 32,9 bilhões, chegaria a 72,2 bilhões em 2035 nos cálculos da Iata.
Todas essas previsões só aconteceriam se houver mudanças no Brasil, avaliou Cerdá. Segundo ele, é preciso rever a quantidade e a complexidade do sistema de impostos, os custos para aluguel de ;vagas; nos aeroportos, os chamados ;slots;, e o pagamento de multas por atrasos nos voos mesmo quando motivado por fatores climáticos. ;O governo brasileiro não reconhece que a aviação pode gerar prosperidade;, diz um trecho de um documento entregue por ele aos jornalistas nesta manhã. Cerdá lembrou que os preços de combustível no Brasil são altos mesmo o país sendo um produtor de petróleo.
Ele destacou que as companhias aéreas têm procurador ser eficientes no país. Para isso, destacou a crescente pontualidade das decolagens e pousos mesmos em grandes eventos. Neste ano, durante os Jogos Olímpicos do Rio, foram transportados 7,9 milhões de passageiros, uma média de 3 mil voos por dia. A taxa de pontualidade foi de 94,8% no período. Já na Copa do Mundo, há dois anos, o índice foi de 91,2%. Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, de 90,8%.
Em 2016, a indústria da aviação ganhou US$ 35,6 bilhões; para o ano quem, a expectativa é de US$ 29,8 bilhões. Entidade critica sistema de impostos do Brasil, cuja demanda por passageiros caiu
O repórter viajou a convite da Iata

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