Para a entidade, pesa para as projeções o desequilíbrio das contas públicas e a fraca demanda na economia. No caso das indústrias, a alta ociosidade nos parques fabris impede que a produção retome um ritmo desejável. E não é para menos, uma vez que, no ambiente doméstico, o setor depende da recuperação dos gastos das famílias.
Com o desemprego em alta em um contexto de inflação acima do teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%, a massa de rendimentos está caindo. O resultado disso se reflete em menos vendas no comércio e queda das receitas no setor de serviços. Por consequência, empresários das duas atividades acabam demandando menos da indústria.
Em decorrência das dificuldades financeiras das famílias, a CNI prevê uma queda de 4,5% do consumo das famílias para 2016 e uma pequena reação de 0,2% em 2017. ;O próximo ano será caracterizado por um início ainda muito difícil;, diz, em nota, a entidade no Informe Conjuntural. A recuperação, para a entidade, deve começar no segundo semestre.
Incertezas
As incertezas são grandes para 2017, principalmente após a delação do diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que envolve o presidente Michel Temer no esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal. O risco de mudanças de governo podem impor barreiras às tramitações de reformas enviadas pelo Executivo.
Independentemente do cenário político, o presidente da CNI, Robson Andrade, não nutre muitas esperanças de crescimento em 2017. ;Temos expectativa de que vamos partir para um ano de estabilização;, disse. O pacote de estímulo à economia tão pouco deve mudar o cenário para o próximo ano. ;Apenas garantiria uma estabilização melhor. Mas não terá crescimento;, reforçou.
Andrade, no entanto, discorda que o presidente Temer deva renunciar, ao contrário do que pede a oposição no Congresso. ;Isso é o pedido de uma oposição desestruturada, sem rumo e caminho, que não pensa no Brasil, apenas em si próprio;, declarou.