Economia

Confira dicas para aproveitar o Natal e fim de ano sem ficar no vermelho

Saiba como lidar com os presentes, as crianças, a ceia, as viagens, os enfeites e as compras de dezembro

Marlla Sabino - Especial para o Correio, Hamilton Ferrari
postado em 13/12/2016 18:45

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As luzes e enfeites entregam: o Natal está chegando. Mas fazer a ceia, enfeitar a casa e presentear os familiares e amigos pode pesar bastante no bolso. Com o orçamento comprometido e produtos mais caros nas prateleiras, os brasileiros vão precisar encontrar alternativas baratas para se encaixar na comemoração. Participar de amigos-secretos pode garantir presente namão de todos na festa.

Uma pesquisa da SPC Brasil mostra que essa é a opção de 57,2% dos brasileiros neste ano. Dois em cada 10 consumidores disseram que entrarão no jogo para gastar menos. A falta de dinheiro também é o motivo de 20% não participarem desse tipo de troca de presentes. ;É uma ótima forma de economizar. Não só com amigos e colegas de trabalho. Porque sai muito caro presentear todo mundo, e com a brincadeira é possível que todo mundo ganhe presentes, sem desembolsar muito;, explicou Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.

Cada consumidor participará de, pelo menos, um ou dois amigos-secretos neste fim de ano. 61,1% farão a brincadeira com a família, enquanto 43,8% com amigos e 29,3% com colegas de trabalho. ;Se a família é muito grande, não tem como presentear cada um. Uma das vantagens do amigo-secreto é limitar o valor do presente. Então, é mais democrático e a maioria consegue participar;, avalia Marcela. Neste ano, o gasto médio do presente deve ficar em torno de R$ 55.

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Fábio Bentes, economista sênior da Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), diz que este será um Natal apertado, assim com o de 2015. ;Apelidado de Natal das lembrancinhas, do amigo-oculto e do abraço;, brinca. Se for presentear, o economista recomenda comprar produtos do grupo dos vestuários, que aumentaram menos que os outros em 2016. ;Roupas, sapatos, tênis e acessórios não devem estar com preços muito acima do esperado. Isso vale tanto para o vestuário masculino quanto para o feminino e infantil;, indicou Bentes. Livros, CDs e DVDs também serão as apostas do Natal de 2016.

Presentes

Marcela afirma que a intenção de presentear ainda é alta, mas as pessoas terão de gastar menos. Ela aconselha organizar o orçamento e saber quanto tem para gastar antes de ir às compras. ;Quando for sair de casa, o consumidor deve levar o dinheiro contado. Sair com o valor na cabeça evita com que a pessoa ultrapasse o máximo que pode gastar;, sugere.

As lojas virtuais são alternativas para comprar presentes por um preço mais barato. A internet tem maior variedade de produtos e ótimas opções com valores melhores que as das lojas físicas, além da comodidade em evitar filas e estacionamentos. Mauricio Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) alerta, porém, que os consumidores devem prestar atenção ao tempo pedido para a entrega. ;Algumas lojas colocam prazos que variam de cinco a 17 dias úteis. Então é preciso ficar atento para o presente não chegar depois do Natal;, afirma.

Uma boa dica, segundo Salvador, é olhar o número de reclamações que as lojas receberam durante o ano. ;Se a empresa não entregou no prazo durante o ano, no Natal não será diferente;, avisa. Os descontos chamativos e agressivos também devem ser avaliados. O produto que tem um valor muito destoante da média do mercado pode ser uma armadilha.

O indicado é se antecipar o máximo possível para comprar na internet. Se não for possível, o frete premium, que faz a entrega mais rápido, pode ser uma alternativa. Dependendo do valor do produto, a compra na internet com o pagamento desse frete pode tirar a vantagem da compra virtual.

Fique de olho

;Fuja do parcelamento;, indica Marcela. A economista lembra que há uma ;pancada grande; de gastos no fim e no início do ano. Além das comemorações, é preciso levar em conta os gastos com matrícula, uniformes, material escolar, IPTU e IPVA. Bentes afirma que o ideal nesse momento é evitar o endividamento. Ele explica que todas as linhas de crédito registram alta nas taxas de juros. ;O consumidor precisa ajustar o consumo. Criar dívidas agora vai agravar a situação em janeiro, interferindo ainda mais na capacidade de consumo;, recomenda.

Teresinha Rocha, educadora financeira da DSOP, diz que a pessoa não pode ter vergonha de dar presente barato ou deixar de dar algo. Segundo ela, o Natal é importante, mas ter uma vida financeira saudável em 2017 deve ser prioridade de todos.

;O que interessa mesmo é estar junto da pessoa e dar uma lembrancinha básica. Presentear é bacana se tiver ;podendo;, caso não esteja, não tem motivos para extrapolar o orçamento;, avalia. Para isso, a educadora sugere respeitar o dinheiro e não ter vergonha de pechinchar. ;Sempre é bom negociar os preços. Não tem que ter vergonha. Nessa época, o comerciante também está querendo vender, então é um bom momento para fazer isso;, diz Teresinha.

Outro ponto que não pode sair do controle são os brinquedos para as crianças. Segundo Teresinha, os pais têm que perguntar aos filhos o que eles querem, mas não podem abrir mão do orçamento. ;As vezes os responsáveis acham que a criança não vai aceitar. Mas é daí que se começa a educação financeira. O filho precisa entender as condições financeiras da família. Podem dizer que estão fazendo uma poupança para uma viagem futura ou algo especial que ele precisa aguardar;, conta.

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Faça você mesmo

O do it yourself, ou faça você mesmo, está em alta para neste Natal. Produzir o próprio presente pode ser a grande aposta para quem não quer deixar a festa passar em branco e precisa gastar pouco. ;Existem sites e blogs que ensinam vários presentes. É um momento de buscar uma alternativa;, indica.

Para muitos, o presente feito pode ter mais valor sentimental do que um produto de uma loja. Mauro Calil, educador financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, diz que o valor do presente não quer dizer nada. ;As vezes as pessoas se sentem mal por dar para o filho presente pequeno ou barato. Mas o preço não representa o tamanho do amor da família;, enaltece.

A artesã Juliana Madeu, 32 anos, tem três filhos para presentear. Eles pediram bonecos de super-heróis, que, devido a alta de preços do Natal, custam em média R$ 120 cada nas lojas. Sem dinheiro para pagar os brinquedos, resolveu fazer bonecos de feltro. ;Vou costurar todos os personagens super-heróis. Eu aprendi vendo vídeos na internet;, diz.

Preparativos

Além de nos presentes, dá para economizar também na ceia de Natal para não complicar o orçamento familiar. Calil explica que o simples pode ser gostoso e fraternal, assim como um buffet caro. ;Na ceia, é preciso dividir as responsabilidades para evitar sobrecargas. O primeiro passo é entender que as pessoas não precisam comer exageradamente. Não precisa sobrar comida para gerar desperdícios;, indica.

As substituições de produtos também são bem-vindas. Em vez de um peru, por exemplo, opte pelo frango. Troque as frutas natalinas importadas pelas nacionais da estação. ;Até um churrasco é uma boa opção;, disse Calil. O mais importante é planejar quantas pessoas estarão presentes, delimitando a quantidade que cada um vai comer. Sem exageros.

A auxiliar de serviços gerais Verônica Barbosa, 46 anos, faz todo ano um Natal colaborativo para 50 pessoas. A preocupação com a alta dos preços fez com que a pesquisa para comprar mais barato começasse cedo. ;Estamos todos evitando gastar demais nas comemorações, então, assim que surgem promoções, avisamos o grupo da família;, explica.

A decoração não deve ficar de fora dos cortes. Se não houver controle, a pessoa começa com árvores, enfeites e, logo em seguida, passa para decoração de mesa e vai progredindo até gastar metade do dinheiro disponível. ;Quem tem talento e criatividade pode utilizá-los para criar detalhes visuais interessantes, como galhos de árvore. É uma forma criativa e supereconômica;, diz Calil.

A criatividade virou aliada na casa da Juliana. Ela precisou decorar a casa para o Natal porque a árvore e os enfeites estragaram durante a mudança de apartamento. Sem recursos financeiros para comprar a árvore tradicional, ela criou uma versão em feltro, além de um presépio, guirlanda e boneco de neve. ;Todo o material que usei ; tecido, palito de picolé e botões ; sairia em torno de R$ 40. Com esse dinheiro, não conseguiria comprar uma árvore completa na loja;, observa. Para quem não tem habilidades para criar os enfeites, o recomendado é frequentar as lojas mais baratas ou evitar comprá-los.

Pré-festas

Não é novidade para ninguém que as passagens encarecem no fim do ano. Deixar de fazer a costumeira viagem pode ser uma alternativa para quem não quer agravar o endividamento. ;Dá para visitar a família em outro momento, em período de baixa temporada;, diz Teresinha.

Se a saudade apertar, a pessoa pode optar por viajar de carro. ;Quando dividido com muitas pessoas, o automóvel pode ser uma alternativa ótima. É preciso apenas convidar mais pessoas e ;rachar; a conta da gasolina;, recomenda a educadora.

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