São Paulo - A elevada concentração do mercado financeiro no Brasil, com poucos bancos operando crédito, é um dos obstáculos para o país crescer. A avaliação é da economista Fernanda de Lima, presidente da Gradual Investimentos. Ela defende o fortalecimento do mercado de capitais para que as empresas possam se capitalizar sem ter, necessariamente, de recorrer a financiamento bancário. Apesar dos problemas que identifica, Fernanda considera-se “otimista” em relação ao Brasil e aposta na retomada do crescimento da economia a partir do segundo semestre. No acumulado do ano contudo, a variação do Produto Interno Bruto (PIB) será zero, segundo ela.
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Formada em matemática e em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e com 25 anos de experiência no mercado de capitais, Fernanda consolidou a carreira no exterior. Ela trabalhou no anco norte-americano JP Morgan, em Nova York, e na Merril Lynch, em Londres. De volta ao Brasil, assumiu a Gradual em setembro de 2006, após a morte do pai, que havia montado a empresa com amigos. É a única presidente de corretora de valores no Brasil. A seguir, trechos da entrevista concedida por ela ao Correio na sede da corretora, na Zona Sul de São Paulo.
É possível ser otimista com o Brasil?
O país sofreu o desserviço da estatização e da ineficiência do governo. Mas sou otimista a médio prazo. Temos uma amplitude de indústria que contribui para o PIB (Produto Interno Bruto) como poucas economias do mundo, e esse é um ativo que não está sendo bem avaliado, diante dos problemas econômicos e da insegurança. A mudança de regras foi uma constante nos últimos anos. Essa instabilidade regulatória foi muito ruim para o país.
Como fazer o país voltar a crescer?
Para isso, o mercado de capitais precisa crescer também. É através dele que as empresas conseguem se capitalizar sem os bancos, que cobram juros elevados. Até porque quando a crise vem, quando a empresa mais precisa, o banco não dá dinheiro. O mercado de capitais seria uma alternativa. Os bancos não têm interesse em conceder crédito, eles ganham dinheiro com títulos do governo. O Brasil é muito ineficiente em termos
E como mudar isso?
Seria preciso ter um sistema como o norte-americano, onde os bancos dão crédito e as corretoras intermedeiam negócios. Isso quer dizer que os bancos sejam parceiros em uma emissão seja de dívida ou um IPO (sigla em inglês para abertura de capital), mas ele não pode carregar tudo na carteira dele. Aí não tem mercado secundário, e o emissor stá na mão do banco de novo. É preciso ter investidores para criar formas de as empresas se capitalizarem. A falta disso acaba travando a economia, que, hoje, está dependente de quatro bancos.
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