Agência France-Presse
postado em 16/01/2017 15:07
O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve nesta segunda-feira inalterada sua previsão de crescimento da economia global, de 3,4% em 2017, mas revisou em baixa sua expectativa para a América Latina, derrubada por Brasil e México.
De acordo com a nova previsão, a América Latina deverá crescer em 2017 1,2%, 0,4 ponto percentual abaixo do previsto em outubro do ano passado, e 2,1% no ano que vem.
Esse quadro latino-americano deve-se em parte a "uma menor expectativa de recuperação no curto prazo da Argentina e do Brasil", países que mostraram no segundo semestre de 2016 "dados de crescimento que reduziram as expectativas".
No caso do Brasil, o FMI prevê que o país encerrará o ano com um crescimento de 0,2%, uma revisão em baixa de 0,3 ponto percentual. O Fundo Monetário não mudou sua expectativa de avanço de 1,5% no ano que vem.
Entretanto, com essa revisão em baixa, a FMI considerou também os "ventos contrários mais fortes" enfrentados pelo México por conta da incerteza pelas políticas econômicas a serem adotadas por Trump nos Estados Unidos.
O FMI cortou em 0,6 ponto percentual sua expectativa de desempenho econômico do México para este ano e para o próximo, e agora espera um crescimento de 1,7% em 2017 e de 2% em 2018.
Mesmo antes de assumir o poder, Trump iniciou uma ofensiva contra indústrias automotoras americanas (ou filiais de firmas estrangeiras, como a Toyota) por elas investirem em fábricas no México com produção destinada ao mercado americano.
Segundo o FMI, a redução de expectativa sobre o desempenho latino-americano deste ano também se deve à "deteriorção ininterrupta da situação na Venezuela".
Panorama mundial
Em sua revisão trimestral do Panorama Econômico Mundial, o FMI apontou que as expectativas para este desempenho estão marcadas pela "particular incerteza" sobre as políticas do governo de Donald Trump, que assumirá o poder na próxima sexta-feira.
Nesse cenário marcado pela incerteza, o FMI destacou especialmente os sinais evidentes de um aumento do protecionismo no comércio internacional.
De acordo com o FMI, a economia mundial terminará 2017 com crescimento de 3,4% e de 3,6% em 2018, como havia indicado em outubro do ano passado.
A entidade financeira chegou a revisar em alta sua previsão de crescimento para os Estados Unidos em 2017 e 2018, a 2,3% e 2,5%, respectivamente, por causa do estímulo fiscal.
Incerteza particular
O FMI adotou uma previsão diferente da utilizada pelo Banco Mundial, que manteve inalterada sua perspectiva de crescimento para os Estados Unidos precisamente por causa da falta de certezas.
O Fundo ressaltou que, para a elaboração de prognóstico para os Estados Unidos neste ano, se baseou em propostas do presidente eleito, em particular as que defendem um maior gasto público em obras de infraestrutura.
Por isso, o FMI apontou que para sua próxima edição do Panorama Econômico Mundial, que deverá ser lançado em abril, "haverá mais clareza sobre as políticas dos Estados Unidos e suas implicações para a economia mundial".
Ao mesmo tempo, o organismo financeiro mencionou que "os sucessos políticos recentes destacam a erosão do consenso em torno dos benefícios da integração econômica transfronteiriça", em referência às posições adiantadas por Trump.
Nesse quadro, a entidade afirmou que o aumento das restrições ao comércio mundial e à migração "prejudicaria a produtividade e as receitas, e atingiria imediatamente o ânimo dos mercados".