Rodolfo Costa
postado em 28/01/2017 07:10
A redução de preços anunciada pela Petrobras para a gasolina e o diesel ainda não surtiu efeito nas bombas dos postos de combustíveis. Em Brasília, os valores cobrados por litro continuam inalterados nos mesmos distribuidores visitados pela reportagem do Correio na última terça-feira (24). As poucas variações registradas ontem foram atribuídas por frentistas e gerentes às promoções para quem paga à vista. Em média, os preços para quem usa dinheiro ou débito são de R$ 0,10 mais baratos do que para os que pagam com cartão de crédito.
[SAIBAMAIS]Segundo gerentes de postos, as redes ainda não definiram valores depois de a redução anunciada pela Petrobras. A médica Adriana Sobral, 41 anos, usa o carro para trabalhar e levar os filhos à escola todos os dias. Ontem, teve a expectativa de abastecer o tanque com um preço reduzido frustrada. No local escolhido, o preço estava igual ao do início da semana. ;Ainda está muito caro encher o tanque e compromete meu orçamento. O preço da gasolina está abusivo;, reclamou.
O motorista Hélio Reis, 56, também questiona o valor cobrado pelo combustível. ;Está muito caro. Eu lembro que, em outubro, pagava R$ 3,29. Agora, está acima de R$ 3,60. Desde então, contei três aumentos;, desabafou. Sem condições de absorver os aumentos, ele optou por usar, cada vez mais, o transporte público. Entre o conforto do carro e a economia para o bolso, ele não tem dúvidas em andar mais vezes de ônibus ao longo da semana.
O economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores, avalia que a redução anunciada pela Petrobras não chegou às bombas pelo recuo mínimo autorizado, de 1,4% para a gasolina, e de 5,1% para o diesel. Na opinião dele, não há justificativas para a estatal não autorizar cortes maiores. ;Há gordura para reduzir mais. A gasolina tem o preço local 11% acima do custo internacional. E o óleo diesel está 40% mais caro;, ponderou.
Como o etanol subiu no período de entressafra da cana-de-açúcar, iniciado em novembro, os preços do etanol aumentaram, provocando um efeito cascata sobre a gasolina, uma vez que o combustível é composto de 27% de álcool. Esse processo, no entanto, deve ser revertido ao fim de janeiro e início de fevereiro, avalia Silveira. ;O preço do etanol aos produtores já começou a cair;, afirmou.