Economia

Setor de serviços se destacou em 2016 como resistência à queda da inflação

Para economistas, o problema está nas regras trabalhistas do país. Persistência da crise, porém, deve fazer carestia ceder com maior velocidade

Rodolfo Costa
postado em 29/01/2017 07:16

Os gastos com serviços continuam a ser os vilões da inflação, pesando no custo de vida das famílias. Embora estejam em desaceleração, assim como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), esse grupo de despesas ; que inclui itens tão distintos como cabeleireiros, restaurantes e pedreiros ; é o que mais mostra resistência no processo de acomodação da carestia. Entre maio de 2015 e novembro de 2016, a inflação de serviços acumulada em 12 meses permaneceu abaixo da média geral. Em dezembro, no entanto, o crescimento foi de 6,5% na mesma base de comparação. O resultado recolocou o grupo à frente do IPCA, que fechou o ano passado em 6,3%.

No ano passado, refeição fora do domicílio foi um dos gastos que mais tiveram impacto na inflação. Somente esse item foi responsável por 0,29 ponto percentual de todo o IPCA. O sentimento para quem precisa se alimentar fora de casa todos os dias, por motivo de estudo ou de trabalho, é de que não há para onde correr. ;Está tudo muito caro. Só vejo aumentos de preço. Não tem redução alguma. Tento diversificar o cardápio, comendo em restaurantes mais baratos, pratos feitos, mas não tem jeito. É um gasto que pressiona muito o meu orçamento. O problema é que não posso simplesmente deixar de me alimentar;, diz o assistente administrativo George Júnior da Silva Cardozo, 24 anos.


Dos 6,3% da inflação geral no ano passado, 1,33 ponto percentual (p.p.) decorreu de preços administrados ; aqueles que são controlados pelo governo, como tarifas de ônibus, energia elétrica e gasolina. Já os preços livres, sensíveis às condições de oferta e à demanda na economia, tiveram impacto de 4,96 p.p. no índice. Desse item, 2,2 p.p. vieram dos serviços e 2.3 p.p. tiveram origem em bens não duráveis, essencialmente alimentos e bebidas.

Portanto, diferentemente da carestia de 2015, marcada pela forte evolução dos preços administrados, a inflação de 2016 teve os bens não duráveis e os serviços como principais vilões.

Embora os gastos com alimentação tenham impacto maior na composição dos preços livres, e, consequentemente, no IPCA médio do país, o peso desse grupo caiu mais do que o dos serviços de um ano para o outro (veja quadro ao lado).

Em 2015, a contribuição dos bens não duráveis foi de 2,9 p.p. na composição dos preços livres. No ano passado, teve um corte de 0,6 p.p. Já o impacto dos serviços caiu de 2,75 p.p. para 2,22 p.p. no mesmo período, mostrando um recuo equivalente, de 0,57 p.p. Para o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, a causa desse movimento de resiliência é a rigidez da legislação trabalhista.

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