Economia

Rombo do Igeprev, de Tocantins, pode chegar a R$ 1,2 bi

Auditoria do próprio instituto de previdência estadual mostra que gestores cometeram diversas irregularidades entre 2011 e 2014

Antonio Temóteo
postado em 04/02/2017 07:05
O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília e a Polícia Federal (PF) têm examinado com lupa os investimentos do Instituto de Previdência do Estado do Tocantins (Igeprev-TO), após a entidade figurar entre as investigadas pela Operação Greenfield. Um relatório de auditoria do próprio Igeprev obtido pelo Correio aponta que as perdas não se limitam aos R$ 35 milhões investidos inicialmente em um Fundo de Investimento em Participação (FIP) para a construção do Trump Hotel no Rio de Janeiro. Os prejuízos acumulados pela entidade podem chegar a R$ 1,2 bilhão, mais de um terço do patrimônio, com a aplicações em 51 fundos entre 2011 e 2014.

A entidade de previdência estadual já estima um rombo efetivo de R$ 263,6 milhões em 10 FIPs sem liquidez ou solidez. Conforme o relatório de auditoria, os gestores do instituto cometeram diversas irregularidades. Entre elas, aportes em fundos sem credenciamento, inexistência de processo de avaliação prévia de risco e inobservância dos limites legais e regulamentares para realização das aplicações financeiras.

[SAIBAMAIS]Além disso, o documento destaca que várias aplicações foram feitas em fundos que já previam, em seus regulamentos, altos riscos de liquidez. Os gestores também não acompanhavam nem faziam avaliações periódicas dos ativos adquiridos, e eram comuns aplicações em fundos na condição de único cotista, o que eleva a probabilidade de perda. Aplicações de recursos em fundos de um mesmo grupo econômico, como o BFG Porcão, eram corriqueiras.

Os investimentos fraudulentos também são investigados pela Operação Miqueias, de 2013. Três ex-presidentes do Igeprev já respondem por irregularidades na Justiça. Também são réus em todas as ações e tiveram bens bloqueados nas oito liminares o ex-presidente do Conselho de Administração do Igeprev e deputado estadual licenciado José Eduardo Siqueira Campos (DEM), filho do ex-governador Siqueira Campos. Ele está de licença dos trabalhos na assembleia legislativa até 30 de maio para fazer um tratamento de saúde. Procurado pela reportagem, ele não foi localizado.

Perdas

A auditoria do Igeprev ainda aponta investimentos no fundo Viaja Brasil, que tinha como um dos principais investidores o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava-Jato. Juntos, os dois investidores respondiam por 85,4% do capital votante. Em 2013, a entidade de previdência estadual aplicou R$ 13 milhões no fundo. ;Em síntese, tudo indica que esse recurso, livre e disponível no caixa do Igeprev, foi retirado pelos gestores na época e alocados a esse fundo, não com a finalidade de dar rentabilidade ao investidor, no caso o Igeprev, mas sim com o intuito de favorecer outros interesses, visto que não há registro de nenhuma prática cuidadosa que poderia ter mitigado o risco.;

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