Agência Estado
postado em 10/02/2017 09:03
O comércio internacional e mercados abertos são positivos para as economias, embora cada vez mais apenas suas consequências negativas tenham atraído atenção, afirmou nesta sexta-feira o presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank), Jens Weidmann. Também membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Weidmann disse estar preocupado pois muitas pessoas atualmente "só veem as desvantagens que os mercados abertos têm para elas".
"As vantagens estão cada vez mais fora do radar", comentou Weidmann em discurso preparado para evento em Hamburgo. Segundo ele, a razão para isso talvez seja de que as vantagens dos mercados abertos e do comércio global não sejam tão aparentes quanto as desvantagens. A declaração é a mais recente resposta a tendências protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, cujo assessor para comércio criticou recentemente a Alemanha por se beneficiar com o euro mais fraco.
Weidmann disse que o jeans manufaturado nos EUA com algodão americano custa mais que o dobro, na comparação com o produzido pela mesma empresa no exterior. Ele apontou que a vantagem nos preços das importações mais baratas "geralmente é em benefício dos pobres".
O dirigente do BCE admitiu que os economistas provavelmente não enfatizaram o suficiente que são os trabalhadores menores qualificados que sentem a pressão da globalização. Para trabalhadores que perdem empregos na indústria com a competição de importados mais baratos, o consolo de que as economias geram empregos mesmo na própria Alemanha não é um consolo. Weidmann disse que a abertura das economias do Leste Europeu e na China resultou no acréscimo líquido de mais de 400 mil postos de trabalho na Alemanha.
Weidmann defendeu também menos burocracia para se abrir uma empresa startup. Segundo ele, deve haver condições de investimento melhores em geral, para que empregos suficientes possam ser criadas em setores emergentes.
Dias atrás, Weidmann criticou o assessor de Trump para o comércio Peter Navarro, que acusou a Alemanha de explorar seus parceiros comerciais com o euro "muito subvalorizado". Weidmann qualificou as acusações como absurdas. Fonte: Dow Jones Newswires.