Simone Kafruni
postado em 11/02/2017 07:00
O recuo do dólar ao patamar de R$ 3,10 movimentou casas de câmbio ontem e deu um fio de esperança às agências de turismo, que voltaram a ser sondadas sobre viagens internacionais. Aos viajantes com passagens compradas para o exterior e com tempo até a data da partida, os especialistas recomendam fazer o câmbio aos poucos para construir uma taxa média baixa. Se a viagem for em breve, no entanto, a dica é aproveitar para comprar tudo agora, porque o Banco Central pode intervir para estancar uma desvalorização mais acentuada.
[SAIBAMAIS]Apesar da leve alta de 0,35% na véspera, ontem a moeda norte-americana voltou à tendência de queda do início de fevereiro e caiu mais 0,64%, fechando a semana cotada em R$ 3,109. No mês, acumula perdas de 1,33% ante o real. No ano, a desvalorização da divisa dos Estados Unidos atingiu 4,32%. A Bolsa de Valores de São Paulo se beneficiou do clima positivo do mercado, e o Ibovespa, principal índice de lucratividade, subiu 1,79% aos 66.124 pontos.
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A atendente da Capital Câmbio, Priscila Ferreira, disse que a semana foi movimentada, com muitas pessoas comprando dólares. ;Muita gente aproveitou a queda na cotação. Alguns clientes com viagens para daqui a três, quatro meses se anteciparam;, contou. O dólar turismo estava sendo vendido a R$ 3,33 já com Imposto sobre Operações Financeiras pela casa de câmbio. ;Eu oriento a sempre comprar aos poucos para fazer uma taxa média baixa. E a nunca deixar para a última hora para não ficar sem tempo de pesquisar;, explicou.
A procura pelo câmbio animou os agentes de viagem. ;Não é um recuo pontual do dólar que vai reaquecer o turismo internacional. No entanto, a gente percebeu que as pessoas começaram a dar aquela sondada sobre destinos no exterior;, afirmou Carlos Vieira, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-DF). Na opinião de Wanda Assem, da agência Yume Travel, o movimento ainda é fraco por conta da crise econômica. ;Mas a queda do dólar sempre ajuda o nosso setor;, disse.
Para o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, a cotação em queda é reflexo da paralisia do mercado. ;Está ocorrendo uma entrada boa de dólares por conta de empréstimos e capitalização no exterior, e isso derruba a cotação. Por isso, eu recomendo, para quem tem disponibilidade e tem viagem marcada, comprar o que for possível agora;, destacou.
Segundo Galhardo, o Banco Central não fez a rolagem da dívida e o mercado espera ele intervir para impedir quedas mais bruscas. O gerente da Treviso comparou a cotação e o momento econômico. ;Quando o país tinha grau de investimento e uma economia estável, o dólar chegou a R$ 4,50. Hoje, considerado mau pagador, com a atividade econômica parada, a cotação caiu para R$ 3,10. Ou seja, é imprevisível. Tem que aproveitar o momento;, disse.