O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu hoje a indicação de Moreira Franco para o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, mesmo ele tendo sido citado em delações premiadas de executivos da Odebrecht, homologadas pela presidente do Superior Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Segundo Padilha, o assunto nunca gerou "dor de cabeça" no governo. "Tínhamos convicção de que havíamos agido corretamente, e o STF disse isso. O presidente Michel Temer e o ministro Moreira Franco agiram corretamente", afirmou.
As declarações foram feitas na tarde de hoje (15), logo após o ministro sair da primeira audiência pública na comissão especial que analisa a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Padilha aproveitou para se justificar sobre o áudio vazado em uma palestra, feita ontem para funcionários da Caixa Econômica Federal, ocasião na qual admitiu que o governo Temer escolhe ministros com base no apoio que pode receber no Congresso.
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Para Padilha, a situação é "absolutamente normal". "Todos os governos que fazem composição com vários partidos colocam a participação de outros partidos no governo. Foi o que fizemos. O PMDB sozinho não iria governar", disse o ministro. "Aliás, a história política brasileira, depois da reabertura democrática, tem mostrado que o presidencialismo é de coalizão, ou seja, vários partidos sempre vão apoiar o governo e, com isso, eles têm participação no governo, o que é mais do que normal."
Previdência
Na audiência pública, Padilha ressaltou a necessidade de se aprovar as novas regras para aposentadoria, usando como argumento principal o deficit previdenciário, que chegou a R$ 227 bilhões em 2016. A reforma, segundo ele, é necessária "para que não venhamos a estrangular os demais gastos públicos".
O ministro mencionou ainda a necessidade de se encontrar uma nova fonte de financiamento para a Previdência Social, o que deve ser pensado após os 10 primeiros anos da reforma, quando o país "terá maior desenvolvimento para que possamos buscar uma nova fonte de financiamento, para que a nossa Previdência não seja eternamente deficitária". O sistema previdenciário, segundo ele, pode ser superavitário, "como em outros países". "A reforma vai estabilizar o deficit em torno de R$ 280 bilhões, mas nós vamos conviver com esse deficit para sempre? É uma questão que deverá ser resolvida quando for feita a primeira avaliação da reforma, em 10 anos", disse.