Economia

Efeito da redução de juros para o consumidor demora ao menos oito meses

Estudo da assessoria econômica da Farsul aponta que esse é o período médio para que os bancos repassem para linhas de financiamento a queda da taxa referencial. Especialistas dizem que há espaço para afrouxamento da política monetária

Rodolfo Costa
postado em 20/02/2017 06:10
A iminente redução da taxa básica de juros (Selic) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que começa amanhã, terá impactos pelos próximos oito meses. Esse é o período médio para que os bancos repassem para linhas de financiamento o corte da taxa referencial. É o que mostra um estudo da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).

A pesquisa leva em conta cinco linhas de crédito, sendo três para famílias e duas, para empresas: crédito pessoal não consignado; cheque especial; aquisição de veículos; desconto de duplicatas; e capital de giro. A maior parte do choque é absorvida nos três primeiros meses, sendo que o ciclo de distribuição do impacto perdura até o oitavo mês após a decisão do Copom.

[SAIBAMAIS]É o caso do cheque especial. Nessa modalidade, 55% do impacto se concentra no primeiro trimestre após a deliberação do Copom. Mas o efeito ainda leva outros cinco meses para ser completamente consolidado. O rateio dos impactos da variação da Selic tem velocidade maior na modalidade de crédito para aquisição de veículos. Nos dois primeiros meses, 66% da redução é absorvida pelas instituições financeiras. Em 90 dias, o nível chega a 82%, mas o ciclo dura por outros quatro meses.

Para pessoas jurídicas, a velocidade de absorção também é rápida. Diferentemente dos créditos para pessoa física, a linha de desconto de duplicatas tem a maior proporção do choque assimilada no primeiro mês, com um impacto de 34%. Em três meses, 73% são racionados.

O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, atribui o efeito mais rápido sobre a linha de pessoa jurídica à expectativa de menor risco. ;A relação das empresas com os bancos é melhor. É mais estável e apresenta menos riscos do que em relação às famílias. São menos fatores levados em conta na concessão;, sustenta.

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