Economia

Sinalização da saída de Fnac do país indica fraqueza do varejo

Para analistas, consumo continuará caindo em 2017, o que diminui as chances de permanência da empresa no Brasil. Rede francesa diz que procura parceiro local

Rosana Hessel
postado em 02/03/2017 07:52
Cliente da loja de Brasília, Felipe Noronha avalia que espaço não ficará vago
A sinalização da rede francesa Fnac de que pode encerrar suas operações no Brasil, se não encontrar um sócio, confirma o cenário nada animador para o varejo neste ano, avaliam especialistas. A expectativa é de que o consumo das famílias continuará encolhendo em 2017 e, com isso, o grande motor do crescimento do país no passado não contribuirá com a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB). Pelas projeções da Tendências, o consumo das famílias deve encolher 0,3% neste ano, após tombo de 4,3% em 2016. ;O mercado de trabalho seguirá muito ruim, com tendência de queda do emprego e do consumo;, explicou a economista Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria.

[SAIBAMAIS]O economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), lembrou que as famílias e as empresas continuam muito endividadas, e, por essa razão, o consumo não deverá crescer tão cedo, o que justifica a cautela da Fnac com o país. ;A rede francesa custou para entrar no Brasil e, se sinaliza que pode sair, é porque não tem uma perspectiva de melhora rápida;, avaliou. Para Thadeu, é possível que ocorra uma melhora no varejo ao longo do ano, mas não será nada substancial como no passado. ;O ciclo de consumo com expansão em patamares chineses acabou em 2013. Pode até haver crescimento, mas ele não será excepcional;, avisou.

De acordo com o economista da CNC, grandes varejistas, como a Fnac, devem sentir o impacto da recessão de forma mais prolongada. ;Quem deve aproveitar a retomada, se houver, serão os pequenos e médios varejistas, porque têm custos menores de operação;, disse.

Tamanho crítico
Aloísio Campelo, Superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), também acredita que a época de forte expansão do consumo acabou. ;Entre 2005 e 2012, o comércio cresceu, em média, 8% ao ano, patamar que não vai mais se repetir;, alertou. Para ele, daqui para frente, o setor vai acompanhar o desempenho do PIB. Campelo admite que o país até pode voltar crescer algo entre 2,5% e 3%, mas, para isso, ;será preciso que o governo consiga fazer mais reformas, facilitar negócios e melhorar a infraestrutura para garantir um crescimento sustentável a longo prazo;.
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