Economia

Recuperação do PIB brasileiro ainda vai demorar, dizem especialistas

O recuo já leva analistas a revisarem as projeções para 2017.

Rodolfo Costa
postado em 09/03/2017 06:00
A retração do Produto Interno Bruto (PIB) no fim do ano passado indica que a recuperação da economia será mais lenta do que se esperava. No quarto trimestre de 2016, a atividade caiu 0,9% em relação ao terceiro, acima da expectativa do mercado, que previa queda próxima de 0,6%. O recuo já leva analistas a revisarem as projeções para 2017.

É o caso da Tendências, que esperava alta de 0,7% do PIB neste ano e, agora, reduziu a estimativa. ;A expectativa é que a reação fique próxima de 0,5%;, disse o analista Rafael Bacciotti. Com os componentes da demanda ainda fracos, como o consumo das famílias, que recuou 4,2% em 2016 ; o pior resultado da história ;, a expectativa é de que a recuperação da atividade seja mais demorada.

[SAIBAMAIS]Alguns analistas, entretanto, não alteraram as previsões, mas devem pensar duas vezes antes de mudarem a projeção para o ano. A Gradual Investimentos manteve a estimativa de 0,12% de crescimento. ;A recuperação é morosa. Todos os componentes de demanda precisam ser acompanhados com cautela;, reforçou o economista-chefe, André Perfeito.

Nem mesmo a alta de 1,4% da produção industrial em janeiro, em comparação com o mesmo período do ano anterior, inspira confiança, apesar de ter interrompido 34 meses seguidos de queda. Perfeito avalia e vê com preocupação o recuo de 7,9% da indústria de bens de capital no acumulado em 12 meses ; sinal de que os investimentos continuam retraídos.

;Aquela história de que a economia estaria se recuperando no último trimestre de 2016 foi por água abaixo. Acho que só no terceiro trimestre deste ano as perdas serão zeradas;, disse José Luis Oreiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Isso, porém, será insuficiente para colocar o país em rota de crescimento. Para Oreiro, a variação do PIB no acumulado do ano deve ser zero.


Petrobras: balanços na mira

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou à Petrobras que refaça os balanços de 2013, 2014 e 2015. Segundo a entidade reguladora do mercado de capitais, a estatal usou de forma indevida a contabilidade de hedge ;- instrumento de proteção contra variação cambial ; para aumentar lucro e diminuir perdas. A Petrobras contesta a interpretação e decidiu recorrer, o que mantém a determinação em suspenso. Mesmo assim, o caso repercutiu no preço das ações da estatal no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo. As ordinárias recuaram 6,17%, para R$ 14,90, e as preferenciais caíram 4,15%, para 14,55.

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