O presidente Michel Temer avalia a possibilidade de gravar um pronunciamento para explicar a reforma da Previdência. O pedido foi encaminhado a ele por deputados da base aliada, que pedem ao governo para arcar com o ônus da reforma. Os parlamentares estão sendo pressionados por corporações para que se posicionem contra as mudanças na concessão dos benefícios e querem que Temer vá à TV para explicar o que está em jogo.
[SAIBAMAIS]Por enquanto, porém, Temer decidiu apenas divulgar vídeos com a defesa da reforma da Previdência nas redes sociais, como o exibido na terça-feira (14/3), na página do Facebook do Palácio do Planalto, rebatendo ponto por ponto um outro vídeo com notícias "mentirosas" e divulgado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), protagonizado pelo ator Wagner Moura, que inicia sua fala dizendo que querem acabar com a aposentadoria.
Outra opção que está em estudo também no Planalto é o presidente gravar um vídeo para defender a reforma da Previdência para ser exibido nas redes sociais.
A batalha nas mídias sociais terá de ser intensificada ainda mais agora quando, atendendo a pedido de sindicatos, a Justiça mandou tirar do ar a propaganda do governo em defesa da reforma que Previdência que tem como slogan "Reformar hoje para garantir o amanhã". Outros posts estão sendo preparados pelo governo para serem divulgados com mais frequência do que antes justamente por conta do acirramento dos discursos da oposição, com a proximidade da votação do texto da reforma da Previdência na Câmara, previsto para o mês que vem. Esta decisão da Justiça preocupou o Planalto que vai trabalhar para derrubar o veto.
Protestos
Durante toda a manhã o Planalto acompanhou as manifestações pelo País e o presidente Temer foi mantido informado. A primeira avaliação é de que elas foram mais fortes, mais cedo e que já arrefeceram um pouco, com o início do restabelecimento do transporte urbano em várias cidades. O governo está acompanhando as mídias sociais e, a exemplo do que fez na terça, vai continuar rebatendo com vídeos explicativos os ataques recebidos Vai acompanhar também uma outra mobilização que está marcada para o dia 26 de março, embora esta não seja contra as reformas, mas em defesa da Lava Jato e contra a corrupção e a impunidade. O governo quer tentar evitar que este protesto se transforme em um novo "fora Temer", que possa ajudar ao fortalecimento dos movimentos petistas e ajude a campanha para a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, que já está nas ruas.
Para o governo, as manifestações e greves contra a reforma da Previdência já estavam sendo esperadas e já estão contabilizadas O Planalto reconhece que "é muito fácil fazer uma mobilização contra a reforma da Previdência". Daí a tese de que é preciso intensificar as explicações sobre o texto e conseguir mobilizar os parlamentares para que eles consigam explicar nas suas bases a importância das reformas, ressaltando que as pessoas não serão prejudicadas e não terão perda de direitos. Ao contrário, que, se a reforma for aprovada, a economia vai melhorar e, quando chegarem as eleições de 2018, eles vão ter um discurso para fazer mostrando que o remédio foi amargo agora, para que houvesse retomada do emprego e melhoria da economia mais tarde.
Por isso, as intensas reuniões de Temer com parlamentares. Nesta quarta-feira à noite mais uma reunião será feita, desta vez com senadores do PMDB. ESte encontro, na verdade, foi marcado na semana passada, com o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). Embora tenham problemas e insatisfações do partido a serem tratados, o presidente Temer quer aproveitar o encontro para pedir a unidade e o empenho de todos para a aprovação da reforma da Previdência, salientando a importância de não deixar outros temas, como o trabalho do judiciário, na Operação Lava Jato, contaminar o ambiente do País, que poderá melhorar com a sinalização positiva de aprovação das reformas.
Combate aos privilégios
A avaliação do governo é que as manifestações são patrocinadas exatamente por quem tem poder de mobilização, que engloba as categorias que não querem perder seus privilégios. Da mesma forma que eles têm mais poder de organização e até mesmo de faltar ao trabalho para participar de protesto, ao contrário dos demais trabalhadores que, se se ausentarem, perdem o dia. "São grupos específicos que querem manter seus privilégios", disse um assessor presidencial.
Por isso mesmo, uma das ideias do governo é mostrar o que já tem sido dito que 63% dos brasileiros ganham salário mínimo e se aposentarão com 65 anos e 25 de contribuição, ganhando salário integral.
O Planalto ficou preocupado com mais um ataque ao Ministério da Fazenda, que amanheceu invadido por manifestantes, que quebraram os vidros do local. Por isso mesmo, houve reforço de segurança em vários locais, inclusive ao redor do palácio, com a presença de homens do Exército a postos, para serem empregados, caso haja necessidade.