Economia

Venda da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobra, vai recomeçar do zero

Tribunal de Contas da União liberou o plano de desinvestimentos da estatal, mas as negociações terão que respeitar novas regras, com critérios de transparência e maior concorrência

Simone Kafruni
postado em 16/03/2017 18:42

O processo de venda da BR Distribuidora, subsidiária de distribuição de combustíveis da Petrobras e um dos ativos mais valiosos da companhia, terá que recomeçar do zero. Para especialista, isso vai atrasar o plano de desinvestimentos da petroleira, que pretende arrecadar US$ 21 bilhões no biênio 2017/2018, e precisa de dinheiro para fazer caixa e reduzir o tamanho da dívida.


O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a cautelar que impedia a estatal de vender ativos desde dezembro do ano passado. Porém, com exceção de dois projetos ; a venda de participação nos campos de Baúna e Tartaruga Verde e de participação no Campo de Saint Malo no Golfo do México norte-americano ;, cujas negociações estão bastante avançadas, todos os demais terão que levar em consideração um novo conjunto de regras.


O coordenador de Infraestrutura do TCU, Saulo Puttini, explicou que os critérios da nova sistemática foram apresentados pela própria Petrobras e aprovados pela Corte, que acrescentou recomendações. ;As regras determinam mais transparência e maior participação de concorrentes, entre outras coisas;, disse. O TCU vai auditar os projetos mais relevantes.


Em nota, a estatal informou que a sistemática de desinvestimentos está sujeita a melhorias contínuas, sempre observando as melhores práticas de mercado em operações de aquisições e desinvestimentos. ;Essa decisão é fundamental para que a companhia possa seguir em frente com seu Plano de Parcerias e Desinvestimentos, que é considerado um dos principais pilares para alcançar a meta de redução da alavancagem;, afirmou.


Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o TCU tinha que considerar que a Petrobras passa por um momento muito complicado. ;Essa decisão provoca atrasos. O processo da BR Distribuidora estava avançado. Terá que voltar atrás. Isso significa que a Petrobras terá que achar dinheiro de outro lugar;, avaliou.


O especialista ressaltou que a nova gestão da petroleira adotou duas medidas para reduzir o endividamento: a política de preços em linha com o mercado internacional e a venda de ativos. ;O plano de desinvestimentos estava andando bem até a cautelar. E, apesar de muitos apostarem que a Petrobras não cumpriria a meta de US$ 15,1 bilhões no ano passado, chegou muito perto disso;, disse. ;Agora, se tiverem que reiniciar as negociações podem comprometer a nova meta, de US$ 21 bilhões;, alertou.

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