postado em 31/03/2017 07:59
Um dia depois de anunciar medidas para cortar gastos públicos, o governo federal editou uma medida provisória criando a Autoridade de Governança do Legado Olímpico (Aglo) para administrar as instalações dos Jogos Olímpicos. O novo órgão custará R$ 9,62 milhões só com salários. A MP, publicada no Diário Oficial União de ontem, cria a autarquia que substituirá a Autoridade Pública Olímpica (APO). Os dados sobre os gastos da Rio 2016, que seriam divulgados hoje, foram adiados com a extinção da APO.
[SAIBAMAIS]Ao todo, serão 86 pessoas contratadas em diversas áreas, com remunerações que variam de R$ 5 mil a R$ 22 mil. A nova agência será ligada ao Ministério do Esporte e terá sede em Brasília. A Aglo nasce com prazo. Vai funcionar até o fim do primeiro semestre de 2019. José Matias-Pereira, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o momento é inoportuno para a criação da autarquia. Para ele, o Brasil passa por um momento de cortes profundos e necessários.
;Sabemos que há uma preocupação e é importante preservar essa área que está relacionada com as atividades olímpicas do país, mas essa medida vai produzir impacto no Orçamento. Talvez não significativos, mas surge em momento inadequado;, alegou.
A APO tinha, ao todo, 181 funcionários e foi fechada sem divulgar a versão final da Matriz de Responsabilidade, que é o documento que mostra os gastos com as obras nos Jogos Olímpicos. Os números precisam ser aprovados pelo Conselho Público Olímpico. ;A Autoridade Pública Olímpica cumpriu os objetivos e finalidades que lhe foram atribuídos;, diz o texto assinado pelo presidente, Michel Temer, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira e o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, publicado no Diário Oficial. No último balanço, em dezembro de 2016, a conta das Olimpíadas estavam em R$ 41,09 bilhões.
Transparência
A Aglo cuidará das instalações esportivas olímpicas e paralímpicas, além de criar parcerias público-privadas para explorar as obras. ;Um órgão como esse precisa que seja dado a maior transparência para dar a noção muito clara do que está sendo criado, porque o governo está criando despesas num contexto de corte de gastos;, declarou Matias-Pereira. Até o fechamento da edição, o Ministério do Planejamento não comentou a criação do novo órgão.
* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira