Agência Estado
postado em 31/03/2017 12:01
O total de desempregados no País mais que dobrou em três anos. Há quase 7 milhões a mais de pessoas em busca de uma vaga. Antes da crise, em fevereiro de 2014, havia 6,623 milhões de desocupados, contingente que subiu para 13,457 milhões em fevereiro de 2017, o equivalente a 6,924 milhões de desempregados a mais, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Quando você dispensa uma pessoa, você está levando ela e mais alguém da família junto para a fila da desocupação", contou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Após meses de demissões, a população ocupada voltou ao patamar do início de 2012, acrescentou Azeredo. O total de ocupados no País ficou em 89,346 milhões em fevereiro de 2017, nível semelhante ao de maio de 2012, quando era de 89,286 milhões de trabalhadores.
"A queda de ocupação é alta ainda, é bastante consistente essa perda de postos de trabalho", disse ele.
[SAIBAMAIS]No entanto, o coordenador do IBGE ressalta que as taxas de aumento no número de desempregados e de redução no total de ocupados vêm perdendo força, as variações estão diminuindo. Em fevereiro de 2017, o total de desempregados cresceu 30,6% ante um ano antes. Em fevereiro de 2016, esse aumento tinha sido de 40,1% na mesma comparação. Quanto aos ocupados, a redução em fevereiro deste ano foi de 2,0% em relação a um ano antes, mas em outubro do ano passado caía 2,6%.
"O mercado de trabalho continua apresentando cenário desfavorável, mas o aumento na desocupação ocorre de forma menos acelerada que em períodos anteriores", resumiu Azeredo.
Indústria
A crise fechou quase dois milhões de postos de trabalho na indústria, segundo Cimar Azeredo. Antes da crise, em fevereiro de 2014, havia 13,046 milhões de pessoas ocupadas na indústria. Esse contingente aumentou para 13,2 milhões em fevereiro de 2015 No entanto, em fevereiro de 2017, recuou para 11,317 milhões de trabalhadores.
"A indústria foi o grupamento, sem dúvida, que mais sentiu a crise. Todos sentiram, mas a indústria mais, por ser um grupamento mais organizado, por ter participação importante de estados como São Paulo, Minas gerais, estados do sul do País", argumentou Azeredo.
O pesquisador lembrou ainda que as demissões mencionadas foram apenas de empregos diretos. Se contabilizada toda a cadeia movimentada pela indústria mais os trabalhadores terceirizados que atuam no setor, o estrago no mercado de trabalho é muito maior.
"A gente contou aqui os postos de trabalho que a indústria perdeu diretamente. Mas tem outros setores afetados, o pessoal que trabalha em segurança, na limpeza. Esse pessoal também foi dispensado", apontou Azeredo.
Construção
A construção também perdeu milhões de vagas. Em fevereiro de 2014, havia 8 milhões de trabalhadores no setor. O contingente estava em 7,6 milhões em fevereiro de 2016, por conta das obras motivadas pelos megaeventos esportivos no País, que seguraram a ocupação no setor, disse Azeredo. No entanto, em fevereiro de 2017, a construção empregava 6,9 milhões de pessoas, o menor patamar da série histórica.
"Hoje temos o menor contingente de pessoas trabalhando na construção no Brasil em seis anos", constatou Azeredo.
Carteira assinada
As demissões em setores importantes afetou também a formalização do mercado de trabalho. O pico de trabalhadores com carteira assinada foi alcançado em junho de 2014, quando País contava com 36,9 milhões de trabalhadores formais. Em fevereiro de 2017 esse contingente caiu para 33,7 milhões.
"A perda na carteira assinada é forte e de lenta de recuperação. O retorno desse processo tende a ser mais complicado, de reconstituir aquele posto de trabalho formal", alertou o coordenador do IBGE.