Jornal Correio Braziliense

Economia

Reforma da Previdência: parecer de relator só ficará pronto após a Páscoa

Arthur Maia (PPS-BA) analisa 130 emendas ao projeto e decide ouvir partidos antes de finalizar documento, inicialmente previsto para ser entregue em 16 de março

Desde fevereiro, a matéria está em discussão na comissão especial da Câmara dos Deputados. As audiências públicas no colegiado terminaram na semana passada, mas, antes de enviar o parecer, o relator precisa analisar as 130 emendas protocoladas pelos parlamentares, que pedem modificações em vários pontos da PEC, tanto nas regras mais básicas quanto nos detalhes. Antes de decidir acatá-las, Arthur Maia resolveu conversar com cada um dos partidos da base aliada separadamente.

[SAIBAMAIS]Os encontros acabaram empurrando o prazo de entrega do parecer mais para frente, fato que não parece ter preocupado o relator. ;Se precisar demorar mais, demorará;, disse, na última terça-feira, quando concluiu que a apresentação do parecer pode ficar para depois da Páscoa ; ou seja, só na segunda quinzena de abril. ;Na semana que vem, o feriado da Semana Santa de certa forma vai dificultar os trabalhos da Câmara;, afirmou na terça-feira. Um dia antes, Arthur Maia acreditava que seria possível concluir o relatório na próxima quarta-feira.

Depois de apresentar o parecer, o documento precisa ser debatido pelos deputados da comissão especial, o que pode levar alguns dias, mas provavelmente não mais do que uma semana. Nesse cenário, a PEC só deve começar a ser discutida no plenário da Câmara no início de maio. Para passar para o Senado, a proposta precisa da aprovação de 308 dos 513 deputados em dois turnos. ;Tecnicamente, é possível terminar a tramitação nas duas casas em junho. Mas o mais provável é que demore um pouco mais, porque os senadores vão querer discutir a proposta;, acredita Thiago Vidal, coordenador do Núcleo de Análise Política da Prospectiva Consultoria. Caso os senadores façam alguma modificação, o texto volta para a Câmara, o que pode atrasar ainda mais o processo.

O fato de o fim do julgamento do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estar previsto também para o segundo semestre favorece a aprovação da reforma, por aumentar o poder de barganha do governo. Para o especialista em Previdência Leonardo Rolim, consultor legislativo da Câmara, a reforma certamente sai das mãos dos deputados ainda no primeiro semestre. Resta saber como será a tramitação no Senado. ;Ficar ou não para o segundo semestre depende muito se os senadores vão fazer uma análise super-rápida, como foi no Teto de Gastos, ou se demorarão mais;, ponderou.


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A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu que o governo federal volte a veicular publicidade institucional sobre o projeto de reforma da Previdência que pretende aprovar no Congresso. Alegando ;grave lesão à ordem pública administrativa;, Cármen Lúcia suspendeu uma liminar da Justiça da 1; Vara Federal de Porto Alegre e uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4; Região (segunda instância) que impediam a veiculação de propagandas sobre o tema. A decisão atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), protocolado na última segunda-feira.