Paulo de Tarso Lyra, Julia Chaib
postado em 11/04/2017 06:00
A pouco mais de uma semana da apresentação do relatório na Comissão Especial da Reforma da Previdência, o governo já fechou um número mínimo de votos necessários para dar uma margem de segurança para a votação no plenário da Câmara: 330. Isso representa uma fidelidade de 80% da base aliada, calculada hoje em 411 parlamentares. Um percentual muito acima do que a média de votos favoráveis obtidos pelo governo até o momento ; 55% ; e bem além dos levantamentos feitos até o momento.
No último sábado, o Correio publicou uma pesquisa feita em parceria pelo Sindlegis e o Instituto Pública mostrando que, dos 513 parlamentares, apenas 186 votariam a favor da reforma ;111 com ressalvas ao texto. Nada menos que 279 disseram não, 15 estão indecisos e 33 não responderam.
Ontem, o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha, reuniu-se com líderes aliados e integrantes da Comissão Especial. Hoje, o presidente Michel Temer fará o mesmo com os respectivos aliados. O esforço nesta reta final é para garantir os votos necessários. ;Essa votação não é igual ao impeachment, que era um simples sim ou não. É uma votação muito mais complexa;, reconheceu um aliado do presidente Temer.
Após o encontro, Padilha negou que o relatório da reforma da Previdência já esteja fechado. Ao ser perguntado se o texto estava pronto e informado que o relator da matéria, deputado Arthur Maia (PPS-BA), deixou a reunião na Casa Civil afirmando que já tinha sido finalizado, Padilha rebateu: ;Então, fale com quem disse que fechou. Eu estou falando que não fechou;.
Ao deixar mais cedo a reunião no Planalto com membros da equipe técnica da Fazenda, da Casa Civil, do Planejamento e líderes na Câmara, Maia afirmou que o texto fechado seria apresentado na reunião de hoje, com o presidente Michel Temer e com líderes da base. ;A partir de amanhã (terça), eu e o presidente da República vamos comunicar isso aos líderes. Depois que conhecerem o relatório, os líderes poderão tratar na bancada;, disse.
O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ao deixar a reunião, também estranhou a declaração do relator. ;Ele ainda está ouvindo as bancadas, ele saiu daqui pra ouvir duas bancadas;, disse. Questionado se Arthur Maia havia se precipitado com a declaração, Aguinaldo relativizou. ;Não, porque o conceito está fechado;, disse. Segundo ele, amanhã serão conversados na reunião os cinco pontos que o governo decidiu flexibilizar. ;Tem que ir aperfeiçoando para ter o melhor texto possível;, completou.
Mais atingidos
A Reforma da Previdência não vai prejudicar o trabalhador de menor renda, declarou ontem, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante o seminário ;Previdência Social no Brasil: Aonde Queremos Chegar?; no Rio. Segundo ele, os mais atingidos são os que possuem carteira assinada e os que tiveram condições de contribuir por mais tempo. Segundo Meirelles, boa parte dos trabalhadores de renda mais baixa entra e sai do mercado de trabalho com mais frequência, portanto tem mais dificuldade de cumprir com o tempo mínimo de contribuição. ;Ele já tende a se aposentar por idade. Quem na realidade se aposenta mais cedo no Brasil é aquele que tem a possibilidade de estar com carteira assinada e contribuir durante todo o seu período de trabalho;, afirmou.