Economia

Especialistas recomendam não deixar declaração do IR para a última hora

Quanto mais se adia o preenchimento e se deixa para os últimos dias, crescem os riscos de o contribuinte errar e ter o informe retido por irregularidades, na malha fina

Azelma Rodrigues - Especial para o Correio
postado em 17/04/2017 12:41
George Chaves atrasa de propósito a entrega da declaração para lucrar
Declarar o Imposto de Renda anual é uma tarefa que deve ser realizada calmamente. Com pressa, de jeito nenhum, dizem os especialistas, porque há grandes chances de a declaração enviada na última hora ir parar na boca do Leão. Ficar retida na tão temida malha fina. O tempo urge. A cerca de duas semanas do fim do prazo estipulado pela Receita Federal ; até o último minuto do próximo dia 28 ; aproximadamente 11,4 milhões de documentos já foram encaminhados ao Fisco. A expectativa é de receber algo em torno de 28,3 milhões de informes do IR neste ano.

[SAIBAMAIS]A tributarista Vânia Labres, do Tocantins, lembra que este ano o contribuinte ficou com dois dias a menos para fazer o informe, já que o período legal, geralmente, ia até 30 de abril. ;Às vezes, só se percebe a falta de um documento às vésperas do fim do prazo. O ideal é ir separando a documentação ao longo do ano, porque, chega agora, tem tudo arrumadinho numa pasta;, sugere.

Vânia alerta que quanto mais se adia o preenchimento e se deixa para os últimos dias, crescem os riscos de o contribuinte errar e ter o informe retido por irregularidades, na malha fina. Muitos erros são cometidos ao listar despesas médicas, deduzir dependentes fictícios, omissão de rendimentos ou pela ausência de um número após a vírgula, lembra a contadora, que é membro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). ;A empresa informa que você recebeu R$ 78.560,30 e você escreve R$ 78.560, sem a casa após a vírgula. A declaração vai ser retida;, explica.

Outra situação comum é a empresa informar ao Fisco que pagou um valor diferente daquele repassado ao contribuinte. No batimento dos dados, o documento fica preso até a comprovação. ;Vivemos hoje um big brother fiscal;, diz a tributarista, em referências às dezenas de filtros e fontes a que a Receita Federal tem acesso para checar as informações dos contribuintes. ;Você compra ou vende um imóvel, a imobiliária e também o corretor enviam a Dimob (Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias). Vai ao médico ou ao dentista, ao psicólogo, e eles informam seu CPF, ou seja, não tem como correr do Fisco;, exemplifica.

A especialista explica que a não entrega da declaração no prazo gera multa de 1%, com teto de 20% do imposto devido, ou mínimo de R$ 165,74. Se deixar de prestar contas ao Leão, o contribuinte fica impossibilitado de obter visto para viagens ao exterior, financiamento habitacional, além de ter dificuldades para aprovação de contrato de aluguel e pode ter o CPF suspenso.

Correção pela Selic é atrativo

Se, para grande parte dos contribuintes, a entrega de última hora da declaração de Imposto de Renda ocorre por falta de tempo ou desorganização, para alguns a postergação é proposital. O servidor público George Chaves, 32 anos, não faz questão de receber restituição nos primeiros lotes, pelo contrário, entrega sempre no fim do prazo para lucrar.

;Vejo o atraso como uma forma de investimento. Como a restituição para as últimas declarações também fica para os lotes derradeiros e a correção é feita pela Selic, acaba rendendo mais do que outras aplicações financeiras, como a poupança ou um título de renda fixa privado;, explicou. Atualmente, a taxa básica de juros está em 11,25% ao ano, enquanto o rendimento da poupança fica em 6% mais TR (Taxa Referencial) e o do CDB (Certificado de Depósito Bancário) representa uma fração da Selic. ;É por isso que acho bem mais interessante do que me apressar;, conclui Chaves.

Encaminhar no início do prazo para receber a restituição do IR nos primeiros lotes ;é mais para quem tem dívidas, precisa logo do dinheiro, o que não é o meu caso;, afirmou Chaves, que faz as contas na ponta do lápis. Com dois dependentes e outras deduções legais, ele não tem dúvidas de que terá devolução. A restituição será feita em sete lotes, de junho a dezembro, segundo o Fisco.

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