Agência Estado
postado em 21/04/2017 18:46
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou em declaração dirigida à reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorrerá neste sábado, 22, em Washington, que o "multilateralismo continua como a melhor forma para coordenar políticas e tornar a integração funcional para todos". Segundo o ministro, o "arcabouço multilateral facilita a expansão impressionante do comércio e finanças internacionais", o que permitiu progressos grande e sem precedentes no bem-estar pelo mundo. Sua mensagem foi feita em nome de um grupo de países liderado pelo Brasil e que é também formado por Cabo Verde, República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Nicarágua, Panamá, Suriname, Timor-Leste e Trinidad e Tobago.
"No entanto, mesmo com benefícios superando muito os custos, este arcabouço necessita de melhorias e é importante reconhecer que a globalização e progresso tecnológico não beneficiaram de forma equânime todos os segmentos da população", destacou o ministro. Para Meirelles, tais desenvolvimentos elevaram a percepção de injustiça, o que, em alguns países, alimentou movimentos de apoio de "políticas protecionistas".
Na avaliação de Meirelles, ações precisam ser adotadas pelos países membros do FMI de forma individual e multilateral para assegurar que os povos por todo o mundo sintam-se incluídos no progresso econômico. Para ele, este é um valioso objetivo, mas é crucial ganhar apoio político para avançar a integração global e a produtividade pelo mundo. "Mais integração e progresso tecnológico, não menos, são essenciais para atacar pobreza e iniquidade."
O ministro apontou que avança o ritmo do crescimento global desde a segunda metade de 2016, particularmente em economias avançadas, e a perspectiva continua positiva para o curto prazo. No entanto, a recuperação global ainda é prevista que será lenta e há riscos para este processo. Neste contexto, é importante cautela para evitar a prematura retiradas de medidas que apoiam a expansão das economias avançadas, especialmente onde o crescimento está abaixo do potencial.
Segundo Meirelles, os preços de produtos comercializados com cotações internacionais estão sendo beneficiados por condições de oferta e de alta de gastos em infraestrutura nos EUA. "Reformas fiscais e ajustes estão sendo adotados por muitos mercados emergentes como resposta para receitas ainda baixas vindas de commodities."
Para o ministro, porém, incertezas em relação a políticas de governo estão subindo em nível global e parece que estão "desconectadas" em relação à percepção de risco dos mercados. Segundo Meirelles, se tal avaliação de investidores mudar com maior surgimento de riscos, o "atual otimismo pode mudar rapidamente", elevando a volatilidade e altas significativas de prêmios de risco pelo mundo e "potencialmente colocando riscos à estabilidade financeira."
De acordo com Meirelles, regulações macroprudenciais e medidas para administrar fluxos de capitais, onde for necessário, podem ajudar a evitar o aumento de fragilidades, complementando regulação e supervisão bancária, que continuam fundamentais para assegurar a estabilidade financeira.
"Os riscos no cenário atual, mesmo com o crescimento (mundial) pegando tração, colocam grande responsabilidade para o Fundo", apontou o ministro, destacando que a instituição internacional é peça central do sistema de proteção financeira global. Para ele, o surgimento de condições financeiras mais restritivas, com a normalização da política monetária dos EUA, ou quaisquer problemas na transição de modelo econômico da China para crescimento mais intensivo de consumo, poderia deflagrar "uma reversão em fluxos de capitais" e afetar países membros do FMI que são mais vulneráveis a choques.
Segundo o ministro, para que o FMI cumpra seu papel é crucial que a nova configuração do regime de cotas (GRQ, na sigla em inglês) seja concluída dentro do seu cronograma previsto. Para ele, as bases de recursos próprios do FMI devem ser recompostas, mantendo o sistema de cotas e avançando o reequilíbrio da sua estrutura de governança. "É uma legitima expectativa para esse processo uma nova fórmula de cotas que melhor reflita o peso da economia dos (países) membros e favoreça a transferência de ações para dinâmicas economias emergentes e em desenvolvimento.