O deficit nominal do setor público em março somou R$ 54,3 bilhões, incluindo a conta de juros, que somou R$ 43 bilhões, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (28/04) pelo Banco Central (BC). Esse rombo foi 448% superior ao saldo negativo registrado no mesmo mês de 2016, de R$ 9,9 bilhões, ou seja, um aumento de 5,4 vezes. Naquele mês, a conta de juros tinha ficado positiva em R$ 648 milhões, uma raridade, graças a um ganho de R$ 42,7 bilhões nas operações com os contratos de swap cambial.
Como não houve ganho parecido neste ano, o resultado primário de março dos governos federal e regionais e estatais ficou negativo em R$ 11 bilhões. Esse dado foi ;praticamente estável; se comparado com o deficit de R$ 10,6 bilhões de março de 2016, na avaliação de Fernando Rocha, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC.
Vale destacar que, no mês passado, o resultado primário do governo central, que inclui as contas do Tesouro Nacional, do BC e da Previdência Social, foi o que pesou nesse deficit, pois fechou no vermelho em R$ 11 bilhões e foi o pior resultado desde 1997, início da série histórica. Rocha lembrou que a trajetória do deficit da Previdência Social, de R$ 13 bilhões em março, é crescente e ela vem contaminando o resultado do governo federal como um todo. ;Os governo regionais ajudaram a melhorar o resultado porque tiveram uma melhora na comparação interanual, passando de um deficit de R$ 10 bilhões para um superavit de R$ 939 milhões (em março);, destacou o técnico.
Dívida crescente
Apesar de os juros estarem no meio de um ciclo de queda, a autoridade monetária informou que, no acumulado em 12 meses, o deficit nominal do setor público voltou a crescer, passando de 8,49% do Produto Interno Bruto (PIB), em fevereiro, para 9,17% do PIB, em março, o equivalente a R$ 579,9 bilhões. Desse montante, a conta de juros representou R$ 432,1 bilhões, ou 6,83% do PIB, dado 9% acima dos R$ 388,2 bilhões registrados no mês anterior, que correspondeu a 6,16% do PIB.
Com o rombo fiscal e os juros crescentes, a dívida pública não para de subir. No caso da líquida, passou de 47,4% do PIB, em fevereiro, para 47,8% do PIB, em março, e, de acordo com Rocha, chegará a 47,9% do PIB em abril. A dívida pública bruta também mantém a escalada. Passou de 70,6% do PIB, em fevereiro, para 71,6% do PIB, em março, e, neste mês, chegará a 72,4% do PIB. O técnico do BC explicou que esse crescimento do endividamento é resultado de dois fatores: os juros, que incidem sobre o estoque da dívida e o resultado primário do governo. ;A divida pública tem subido porque os resultados fiscais não são de magnitude suficiente para uma trajetória de estabilização. Logo, a política fiscal e os resultados correntes não são suficientes para a redução do endividamento;, destacou.