Economia

Recessão impulsiona abertura de novas empresas no e-commerce

Segundo cálculos do próprio mercado, atualmente existem entre 40 mil a 50 mil empresas de e-commerce, sendo que 23% delas iniciaram as atividades em 2015

postado em 02/05/2017 06:05
Segundo cálculos do próprio mercado, atualmente existem entre 40 mil a 50 mil empresas de e-commerce, sendo que 23% delas iniciaram as atividades em 2015

Embora a crise econômica tenha colocado o varejo à beira do colapso, ela também criou oportunidades. Da mesma forma que a recessão provocou o fechamento de lojas, impulsionou a abertura de novas empresas no comércio eletrônico, denominado de e-commerce. Diante dos altos custos para se manter um comércio físico e tradicional em funcionamento ; com gastos com aluguel, formação de estoque e pagamento de pessoal ;, essa modalidade de varejo criou a oportunidade para os que querem empreender com menos despesas.

Segundo cálculos do próprio mercado, atualmente existem entre 40 mil a 50 mil empresas de e-commerce, sendo que 23% delas iniciaram as atividades em 2015. De acordo com um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), foi o maior nível de aberturas em um único ano. Nos seis primeiros meses, até junho de 2016, 5% das lojas on-line iniciaram as atividades.

Parte dessa expansão do e-commerce transcorreu devido a uma grande transformação no mundo dos negócios, avalia o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. Mas ele admite que o salto tem, sim, ligação com a recessão. ;Tem vários fatores que se cruzam. Um deles é a forte recessão, que afetou efetivamente os negócios e gerou um grande número de desempregados. Com isso, as pessoas passaram a buscar alternativas para se virar;, analisa.

Segundo o presidente do Sebrae, parte das empresas abertas no e-commerce é de pessoas que fecharam uma loja no comércio tradicional. ;Vários mudaram do comércio de rua para o eletrônico até por uma redução do custo operacional e aumento da eficácia. É uma conjunção de fatores. Mas o principal é que a tecnologia está permitindo socorrer empreendedores que buscam alternativas;, sustenta.

[SAIBAMAIS]O e-commerce chegou a um patamar extremamente disseminado e não mais concentrado na internet. Afif afirma que até as redes sociais se tornaram uma porta de entrada para o empreendedorismo on-line. De acordo com o Sebrae, 72% dos empreendedores no comércio eletrônico usam as redes sociais para fechar uma venda. É o principal canal utilizado não apenas para concluir o negócio, como também para prestar atendimento ao consumidor.

Com o orçamento pressionado, o empresário Rodrigo Carvalho, 27 anos, resolveu, no primeiro semestre de 2015, começar o negócio de venda de roupas femininas pelas redes sociais. Ao iniciar a Bella Pagu, ele pensava apenas em complementar a renda, mas o sucesso foi tamanho que já não descarta passar a viver só das vendas. ;Tenho muito interesse em me dedicar mais à empresa. Mas por questões de limitações para investimentos, fico com o pé no chão na hora de pensar em empregar recursos maiores em mercadorias;, diz.

O objetivo de Rodrigo é caminhar um passo de cada vez. Inserido como microempreendedor individual, ele espera iniciar as atividades da empresa na internet na segunda metade deste ano, mas ainda não tem pretensões de contratar funcionários. ;Até então, tenho dado conta da demanda. A ideia de ter uma página na rede é mais para passar credibilidade para quem eu acho que está conhecendo a Bella Pagu;, diz.

Quem pretende iniciar as atividades como prestador de serviços no meio eletrônico é o professor Fernando Alves, 27, que leciona nas áreas de marketing jurídico e marketing digital. Ele comercializa vídeo-aulas em um site que vende cursos para advogados, mas planeja, em breve, criar a própria empresa e comercializar os serviços de educação por conta própria. ;Hoje, ganho uma porcentagem por cada curso vendido, mas quero ter uma plataforma só minha;, conta. (RC)


Participação

O diretor de operações da Ebit, empresa especializada em informações do mercado, André Dias ressalta que o varejo eletrônico tem ganhado participação sobre o tradicional ano após ano. Em 2012, o faturamento do e-commerce respondia por 1,9% do varejo total. Em 2016, essa proporção subiu para 3,8%. Para este ano, a expectativa é de que atinja os 4,3%. ;O aumento de vendas através de dispositivos móveis tem contribuído muito com as vendas. Em 2014, as compras por smartphones respondiam por 5% do total de compras. Agora, essa parcela já é de 28%;, diz. Para 2017, a Ebit prevê um crescimento de faturamento na ordem de 12%, acima dos 7% registrados em 2016.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação