Economia

Governo adia votação e ganha tempo para explicar reforma da Previdência

Proposta de mudança na Previdência deve passar nesta quarta-feira pela comissão especial da Câmara, mas votação em plenário é adiada para o fim de maio

Katia Vaz - Especial para o Correio, Alessandra Alves/Estado de Minas
postado em 03/05/2017 06:00
O governo decidiu adiar para o fim de maio a votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados. Na avaliação da base aliada, esse tempo é necessário para ampliar e ajustar a comunicação sobre o texto da reforma. O Palácio do Planalto prepara peças publicitárias em cima do relatório do deputado Arthur Maia (PPS-BA), que sofreu mudanças nos últimos dias.
[SAIBAMAIS];Vamos ter um tempo para a comunicação, não só para a base, mas para a sociedade em geral. A ideia é evitar a desinformação e a maldade da informação. Tem que ter uma propaganda mais clara;, afirmou o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). ;Tem muita gente dentro da Casa que não sabe da totalidade da reforma, por isso a importância da cartilha também para a sociedade. Eu acho que a gente vai ter de duas a três semanas de trabalho de convencimento e de conhecimento por parte de quem vai votar;, avaliou o deputado Beto Mansur (PTB-SP), um dos braços direito s do governo na Câmara.

O adiamento da votação ocorre depois da greve geral de 28 de abril, cujo volume de menções na internet superou os movimentos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, segundo relatório da Fundação Getulio Vargas (FGV), e da divulgação de pesquisa do Instituto Datafolha que apontou que sete em cada 10 brasileiros são contrários à reforma previdenciária ; 71%. Entre os funcionários públicos, a rejeição chega a 83%.

Na tentativa de reverter a alta rejeição à matéria, também está sendo impressa uma cartilha sobre a reforma da Previdência, explicando os pontos do relatório. A ideia, segundo Mansur, é explicar e convencer os deputados e a sociedade civil. O material será distribuído, por exemplo, para a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidades que já se posicionaram contra a reforma.

Para garantir os 308 votos necessários à aprovação da reforma no plenário, o governo colocará também em prática o que está sendo chamado de realinhamento da base aliada. A decisão de retirar cargos do governo de quem votou contra a trabalhista é considerada acertada por integrantes da base. Segundo o Aguinaldo Ribeiro, isso não é retaliação mas, sim, ajustes. ;Esse processo de realinhar a base é uma coisa normal na democracia. Em qualquer país do mundo isso acontece;, disse Beto Mansur ao admitir que há desconfortos entre os governistas fiéis e os que não têm cargos no governo.

Esse tempo a mais para negociar agradou outras agremiações da base aliada, como o PSDB. Para o líder do partido na Casa, Ricardo Trípoli (SP), esse prazo é necessário para que todas as bancadas cheguem ao entendimento sobre a necessidade da reforma da Previdência. O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) também concorda com o prazo de amadurecimento. Para ele, a aprovação da reforma é necessária para a retomada da atividade econômica, somada a outros sinais, como a redução dos juros, a queda da inflação e a recuperação do PIB. ;Aí, vamos poder chegar a 2018 e pedir votos;, afirmou.

A previsão para votar a matéria na comissão especial continua a mesma. Ainda hoje, os deputados do colegiado devem decidir se o parecer de Arthur Maia vai ou não para o plenário. Mansur afirmou que o governo conta com 23 ou 24 votos favoráveis, pelo menos quatro a mais do que os 19 necessários caso todos os 36 membros estejam presentes. Tanto para o governo quanto para a base aliada, a aprovação na comissão já está decidida. ;São favas contadas;, disse um assessor da oposição.

Para aprovar o texto na comissão, o governo precisa de votos favoráveis da maioria dos integrantes presentes no dia da votação. Para que a sessão seja aberta e, assim, a votação possa ser realizada, pelo menos 19 dos 36 membros do colegiado devem registrar presença.

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