Economia

MPF denuncia fraude no Postalis com prejuízo de pelo menos R$ 450 milhões

Oito ex-executivos do fundo de pensão dos Correios são acusados de apropriação ilegal de recursos financeiros, organização criminosa e indução de investidores ao erro. O prejuízo é de, pelo menos, R$ 450 milhões

Antonio Temóteo
postado em 06/05/2017 08:00
A Procuradoria da República no Distrito Federal apresentou à Justiça uma denúncia contra oito ex-executivos do Postalis, o fundo de pensão dos empregados dos Correios. Eles são acusados de fraudar aplicações da entidade fechada de previdência complementar entre 2006 e 2011, que resultaram em prejuízo de pelo menos R$ 450 milhões com a venda de títulos. Entre os denunciados estão o então presidente da Postalis na época dos fatos Alexej Predtechensky e o vice-presidente de renda fixa da Latam, Fabrizio Dulcetti Neves, apontado como o chefe do esquema.

Na ação penal proposta ao Judiciário, o MPF pede que os oito envolvidos respondam por organização criminosa, gestão fraudulenta, apropriação ilegal de recursos financeiros e indução de investidores a erro. A transação dos títulos se deu por meio de duas corretoras, a Latam Investments LLC e a Delta Equity Services Corporation, ambas sediadas nos Estados Unidos. As companhias compravam títulos no mercado internacional e os revendiam aos fundos ligados ao Postalis, que pagava valores superfaturados pelos papeis.

As investigações conduzidas inicialmente pela Procuradoria da República em São Paulo permitiram ao MPF concluir que o esquema envolvendo as duas corretoras contribuiu para o deficit bilionários do Postalis. Dados do Plano de Equacionamento do Deficit 2014 revelaram um rombo de R$ 4,9 bilhões nas contas do fundo de pensão. Por conta do desfalque, os participantes do plano de previdência, incluindo empregados, aposentados e pensionistas, arcam com a cobrança extraordinária de 17,92% que pode se prolongar até 2039.

Outras possíveis fraudes cometidas na gestão do Postalis são investigadas pelo MPF em Brasília e também no Rio de Janeiro. Na capital federal, os casos são apurados pelo procurador da República Ivan Cláudio Marx, que foi o responsável pela ratificação da ação penal. No documento, o procurador também solicitou que, após o recebimento da denúncia, seja retirado o sigilo dos autos.

Irregularidades


Também foram denunciados a esposa de Fabrizio, Laura Neves, e o então diretor financeiro do Postalis, Adilson Florêncio. Assim como Predtechensky, Florêncio é acusado de omissão ao permitir a movimentação irregular de recursos do fundo de pensão. Já Laura é apontada como proprietária de, ao menos, uma conta bancária que recebeu propina com a venda dos títulos.

As fraudes foram executadas com o uso de offshores ligadas a Fabrizio e a seus sócios na Atlântica Administração de Recursos, Leandro Ecker, André Barbiere Perpétuo e Cristiano Arndt, que morreu ainda na fase preliminar das investigações. Parte das fraudes também foi intermediada pela sogra de Fabrizio, Mercedes Monteiro, que era dona de uma das offshores envolvidas nas negociações com os títulos comprados pelo Postalis.

Além deles, o administrador de carteiras da BNY Mellon, José Carlos Lopes Xavier de Oliveira, também foi denunciado. A companhia atuou em conjunto com a Atlântica para a valoração artificial de ativos. Entre 2008 e 2009, José Carlos foi o responsável pelo prejuízo de quase R$ 6 milhões ao Postalis na negociação de papéis emitidos pelo banco alemão Commerzbank. Os títulos, adquiridos pela Atlântica por R$ 6,2 milhões, foram vendidos meses depois por apenas R$ 300 mil.


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