Marlla Sabino*
postado em 09/05/2017 18:40
O Centro- Oeste tem grande representatividade nos resultados positivos do setor agrícola brasileiro nos últimos anos. O Distrito Federal, juntamente com o Entorno, apresenta as maiores médias de culturas agrícolas e índices de produtividade do país. O assunto foi tema do primeiro painel "O poder do campo: panorama do setor", durante o seminário "A força do agronegócio e o Distrito Federal", promovido pelo Correio.
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O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, José Guilherme Leal, ressaltou que desde a construção da capital houve uma preocupação e um planejamento para a produção e abastecimento da população que se deslocava para o centro do país. "Estamos falando de uma capital que, atualmente, tem 69% do seu território rural com três milhões de habitantes, quase 400 mil hectares, em torno de 19 mil estabelecimentos rurais, que representam o maior número de pequenas propriedades da nossa região", analisa Leal.
Entre os desafios para a produção no Distrito Federal, está a disponibilidade de água para produção agrícola e consumo urbano. O secretário afirma que o racionamento vivenciado pela população chegou antes no produtor agrícola com a locação de água, mas que o problema não atingiu a produção. "Em algumas áreas da bacia do Descoberto e de Rio Preto tivermos uma redução de plantio devido à baixa quantidade de água. Mas, o que foi plantado teve o mesmo aproveitamento de qualidade e produtividade", explica.
Modelo
O secretário destacou o desempenho do Distrito Federal na produção de grãos, hortaliças, folhas e frutas, a variedade da pecuária, e também a infraestrutura da região em relação ao restante do país. "No setor da agropecuária, nossa área é pequena, mas em termos de eficiência apresenta a melhor produtividade de milho do Brasil, nas três safras, 77 mil hectares. Melhor produtividade de trigo, que apresenta a melhor qualidade do país", afirma.
Leal frisa que em 2016, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a produção do setor na região do Distrito Federal gerou R$ 1,4 bilhões em valor bruto. Ele ainda ressaltou que, comparando por aréa de produção com outros estados, o DF ocupa o 4; lugar no ranking.
O diretor técnico da COOPA - DF, Cláudio Malinski, destaca que alguns aspectos como o clima ajudam a equilibrar os períodos de chuva e seca. "Somos modelos para outros estados. Temos tecnologia que nos permitiu transformar o solo do cerrado em um solo altamente produtivo", argumenta. Malinski citou a produção de café na região. "É possível, com planejamento, que o produtor induza a floração e possa programar a colheita para a época da seca, e garanta a qualidade do produto que chega ao consumidor;, exemplifica.
Desafios
Celso Moretti, chefe do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, ressalta que mudanças demográficas na população e a mudança da população rural para áreas urbanas são problemas a serem enfrentados nos próximos anos para o crescimento e desenvolvimento do setor. "Os jovens não querem ficar nos campos, querem ir para a cidade", complementa.
Moretti também destaca a escassez de água e diz que será necessário "equilibrar o consumo para abastecimento, produção de alimentos e produção de energia." Mas, aponta que tecnologias como a ;Crispr;, uma técnica de edição genética de DNA, pode revolucionar a produção de alimentos, conferindo resistência a pragas e doenças que causam prejuízos.
*Estagiária sob supervisão de Ana Letícia Leão.
*Estagiária sob supervisão de Ana Letícia Leão.