Economia

Projeto do Expresso Pequi está mais próximo de sair do papel

Coreanos estão interessados em aportar R$ 6,5 bilhões no projeto, desde que o governo federal, do DF e de Goiás entrem com os outros R$ 2,5 bilhões

Rodolfo Costa
postado em 18/05/2017 06:00

Bernardo Figueiredo diz que asiáticos também querem que o transporte de carga seja eliminado


O trem que vai ligar Brasília a Goiânia deve, enfim, sair do papel. Após 14 anos de discussões em torno do transporte, conhecido como Expresso Pequi ou Transpequi, a expectativa é que o leilão saia em breve. Empresas interessadas não faltam. Depois de os chineses demonstrarem a intenção de destravar o empreendimento, foi a vez dos coreanos da A;REX ; empresa que explora uma linha que liga Seul a aeroportos internacionais naquele país ; sinalizarem o desejo de investir no projeto.


A previsão é que o empreendimento custe cerca de R$ 9 bilhões, incluindo obras, materiais e toda a parte de sistemas. O objetivo dos coreanos é assumir o projeto em um modelo de parceria público-privada (PPP), com aporte de quase R$ 6,5 bilhões. O restante seria dividido entre a União e os governos de Goiás e do Distrito Federal.

Os coreanos ficariam no comando do empreendimento por cerca de 30 anos. A proposta da A;REX é que R$ 2 bilhões do investimento previsto para os governos estaduais e federal sejam amortizados nos primeiros 15 anos de contrato e que os R$ 500 milhões restantes sejam pagos no período restante.

A contrapartida de recursos públicos é uma exigência dos coreanos. Foi uma sugestão do ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e sócio-proprietário da BF Projetos, Bernardo Figueiredo, contratado pelos coreanos como consultor, para enviar essas ideias à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que, recentemente, abriu prazo para a tomada de subsídios. Resta saber se será acatada.

Exigências


Além do aporte de dinheiro público, os coreanos querem a eliminação do transporte de carga, exigência prevista no projeto original. Outra cobrança é a de que a velocidade do trem seja alterada para 250 km/h, e não 160 km/h, como previsto inicialmente. ;Não existe demanda (para o transporte de cargas). Isso encarece o projeto e piora as condições do transporte ferroviário de passageiro. Então, achamos que deveria ser excluída a necessidade do transporte de carga;, destacou Figueiredo.

Os governos também apresentaram exigências. O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, cobrou que o trem tenha uma parada em Samambaia. ;É um ponto estratégico para o desenvolvimento de toda a região e para criar mais eixos de desenvolvimento;, justificou. A ideia foi acatada pelos coreanos, que também acenaram positivamente para o pedido do governador de Goiás, Marconi Perillo, para que tenha uma parada em Anápolis.

  • Memória

    Ideia surgiu para integrar a região

    O planejamento do trem ligando Brasília a Goiânia surgiu em 2003, durante conversas entre o então governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e o de Goiás, Marconi Perillo. A ideia do transporte rápido era estimular a economia e aumentar os negócios entre as duas unidades da Federação. Pelo primeiro orçamento, o projeto custaria R$ 7,5 bilhões. O percurso de 194km poderia ser feito em apenas uma hora, prazo que ainda que se mantém na previsão atual.

    Antes de elaborar o projeto, comitivas do GDF visitaram cidades da Itália, da França e da Alemanha para conhecer sistemas ferroviários e negociar com possíveis fornecedores. Mas, o Ministério dos Transportes questionou a viabilidade do projeto, que acabou enterrado.

    Para o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), faltou vontade política e visão para os governos que sucederam a gestão de Roriz. ;Faltou uma visão de integração econômica. Não se trata de trem de alta velocidade. Se trata de um trem de alto desempenho para passageiros integrando os polos de Brasília e Goiânia. E só o crescimento econômico da região, em tese, já pagaria o investimento;, analisou.

    O projeto, agora, está em fase de conclusão do relatório da tomada de subsídios para contribuições ao texto. Após isso, será aberta uma consulta pública para ter acesso a novas contribuições.

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