postado em 23/05/2017 16:02
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Mesmo após ter suspendido a sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal que discutia a reforma trabalhista na tarde desta terça-feira (23/5), o presidente da comissão, Tasso Jereissati (PSDB-CE) declarou como lido o parecer do relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
O documento foi lido sob protestos da oposição e após seguranças expulsarem do plenário a imprensa e os demais presentes, que foram mantidos do lado de fora durante toda a leitura.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) definiu a situação como um "triste espetáculo do Brasil atual". Segundo ele, o governo fez, na marra, "a leitura de um relatório que não tem legitimidade nem número para isso".
Pouco antes, Randolfe havia protagonizado uma discussão acalorada no plenário, que resultou na suspensão da sessão, por volta das 16h. Ele acusou o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) de apoiar "um governo corrupto", ao que foi respondido com grito de "bandido". Diante da resposta de Randolfe, que disse que "bandido é o senhor", o tucano se irritou ainda mais e partiu para cima do deputado, chamando-o de "moleque vagabundo".
Debate
O clima já estava tenso desde o início das discussões, por volta das 9h, mas a confusão ficou mais intensa quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a oposição não aceitaria a leitura do relatório nesta terça-feira (23/5), como o presidente sinalizava.
Em seguida, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) sentou na cadeira do relator, sem autorização, e anunciou o mesmo posicionamento. Diante das reações acaloradas dos senadores, o presidente Tasso Jereissati suspendeu a sessão e os jornalistas foram expulsos do local.
Após alguns minutos com os senadores isolados do público, um segurança da Casa abriu a porta e empurrou os jornalistas, dizendo que os senadores iam sair. Jereissati limitou-se a dizer que "foi feita a leitura". Segundo um assessor, durante o isolamento, o presidente reabriu a sessão e o relatório foi dado como lido.
Logo após o episódio, gritos de "ou param as reformas ou paramos o Brasil" e "Fora, Temer" tomaram conta do corredor da comissão.
"Nós pedimos encarecidamente para suspender a leitura, o relator já disse que iria suspender, voltaram atrás e querem fazer na marra uma leitura que não é o momento de fazer. Então, a oposição vai usar de todos os meios para impedir", disse Gleisi Hoffmann. "Querem passar com trator? Não vão mesmo. A oposição vai resistir aqui dentro, junto com o povo na rua."