Marlla Sabino*, Andressa Paulino*
postado em 30/05/2017 06:00
O fantasma do desemprego assustou os brasileiros nos últimos meses. No Distrito federal, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego de abril, 336 mil estão sem carteira assinada. Mas, há vagas para quem quer voltar ao mercado de trabalho. De acordo com o Sistema Nacional de Empregos (Sine), existem 20.536 oportunidades disponíveis em Brasília e nas regiões administrativas.
Entre as ofertas mais comuns, estão para vendedor, auxiliar administrativo, representante comercial, auxiliar de serviços gerais, recepcionista e atendente. No Brasil, quase 60 mil postos de trabalhos formais foram abertos no mês passado. Muitos brasileiros estão aproveitando o momento para voltar ao mercado de trabalho ou conseguir um emprego melhor, como o enfermeiro Emerson Mendes Martins, 25 anos.
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Apesar do sonho de ser funcionário público, ele continua de olho nas vagas que surgem. ;Eu larguei meu emprego para estudar para o concurso dos bombeiros, por conta da estabilidade financeira e segurança. Fiquei bem colocado, mas não cheguei a ser chamado no primeiro momento. Como minhas contas não podiam ficar esperando até lá, comecei a entregar currículos;, contou. O enfermeiro está participando do processo seletivo de hospitais e, enquanto isso, faz ;freelas; para pagar as despesas de casa. ;Eu, particularmente, não fico procurando vagas só na internet. Gosto de ir ao local e entregar o currículo, para entrarem em contato comigo quando surgir uma oportunidade;, explicou. ;Eu não espero a vaga aparecer para me candidatar. Meu currículo já estará lá;, completou.
Renda
O secretário adjunto do Trabalho do DF, Thiago Jarjour, afirmou que é perceptível um crescimento gradativo nas oportunidades de emprego nos últimos meses, atrelado à retomada da economia brasileira. Mas ressaltou que é necessário se preocupar não apenas em gerar novos postos de trabalho formais, mas renda para a população. ;As relações de trabalho estão mudando e isso é uma tendência para o futuro, de acordo com os indicadores. Nosso trabalho está focado em criar oportunidades para as pessoas terem uma renda e se qualificarem para o mercado;, explicou.
Na hora de se candidatar a uma vaga, o mais importante é estar seguro e ser sincero sobre a capacidade de executar as tarefas, de acordo com o especialista em Recursos Humanos, Jorge Fernando Valente de Pinho, doutor em psicologia organizacional pela Universidade de Brasília (UnB). ;A pessoa às vezes pensa que engana e pode até conseguir ser contratado, mas será pior depois, quando não conseguir cumprir as demandas, o que pode ser um grande constrangimento e resultar em demissão;, avaliou.
Profissionais de gestão de pessoas recomendam que o candidato esteja em constante atualização, seja com cursos ou ingressando em graduações e pós-graduações. Ampliar as habilidades específicas ajudam o profissional a se diferenciar e se restabelecer no mercado de trabalho. A dica mais importante é se capacitar, desenvolver habilidades e técnicas de forma continuada. Ter domínio do que as empresas buscam também é necessário.
Tempo perdido
A estudante Juciane Silva, 33 anos, sente na pele as consequências de não ter concluído os estudos. Para correr atrás do tempo perdido, ela voltou para a escola e está terminando o ensino médio, enquanto procura uma oportunidade de trabalho. Até mesmo em funções mais básicas, como telefonista ou copeira, há a exigência de estudo. ;Não ter concluído o 2; grau é minha maior dificuldade para conseguir uma vaga;, lamenta. ;Quero terminar a escola e ter um emprego para conseguir pagar minha faculdade de administração. É meu sonho;, conta.
De acordo com pesquisa realizada pelo site de empregos Catho, ter domínio fluente de um segundo idioma é uma vantagem. A pesquisa indica que em cargos de diretoria a diferença salarial entre alguém que fala inglês fluentemente e um profissional que não tem essa habilidade é de 56%. ;Seu conhecimento e sua competência são os diferenciais. O brilho nos olhos e a garra demonstrada na entrevista podem fazer a diferença;, complementa Larissa Meiglin, supervisora de assessoria de carreira na Catho.
Para Jarjour, apesar das reclamações de empregadores sobre a qualificação das pessoas que procuram trabalho, as constantes mudanças e inovações tornam o mercado mais competitivo. ;Não é só questão de ter qualificação, mas se manter atualizado. Quem está parado, já está dando marcha à ré. É necessário estudar sempre;, opina.
Para o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Eustáquio, existe um descompasso entre o que o setor produtivo precisa e o que as pessoas têm de conhecimento para oferecer. Ele acredita, no entanto, que nem sempre a culpa é do trabalhador, mas de cursos que não oferecem a qualificação exigida pelos empregadores.
* Estagiárias sob supervisão de Rozane Oliveira.