Economia

Monsanto leva a Internet das Coisas para o campo

Multinacional de sementes lança ferramenta que mapeia terrenos e gera dados sobre a produção de grãos

Rosana Hessel - Enviada Especial
postado em 30/05/2017 18:28
São Paulo -- A tecnologia das coisas está cada vez mais ganhando espaço no campo. Apostando nesse filão além do mercado de sementes no país, a empresa de serviços agrícolas Monsanto lança comercialmente para todo ferramenta que pretende funcionar no futuro com uma espécie de plataforma digital com vários aplicativos voltados para o monitoramento das lavouras, desde o plantio até a colheita.

No último ano, a Monsanto testou essa ferramenta denominada Climate FieldVeiw com 115 agricultores, dos quais 100 deles nos estados de Goiás, Mato Grosso e Bahia, que acabaram de colher suas respectivas safras e se prepararam para o novo plantio a partir de julho e agosto. Na primeira etapa, na safra 2015/2016, o teste foi realizado com 15 produtores.
;A experiência foi bastante positiva e a nossa expectativa é que a maioria desses 130 agricultores compre o nosso serviço nessa nova safra. Para o produtor brasileiro, tudo aquilo que dá retorno no campo, ele adota;, disse o líder da The Climate Corporation, subsidiária voltada para negócios digitais da Monsanto, para a América do Sul, Mateus Barros. Segundo ele, a ferramenta não estará disponível apenas para os clientes de sementes da gigante norte-americana, mas também para qualquer agricultor, independente do equipamento que use no campo, desde que ele faça uma adaptação tecnológica.
O Climate FieldView é uma espécie de ERP (software de gestão de empresas) para o campo. Ele tem um drive que pode ser acoplado uma máquina (plantadeira ou colheitadeira, por exemplo) necessita de um Ipad para a leitura dos dados. Os dois equipamentos são conectados via Bluetooth e transmitem os dados coletados para a nuvem assim que se estiver em uma rede 3G. Com essas informações sobre o terreno que são mapeadas pela ferramenta, ele consegue identificar as áreas menos produtivas e dimensionar melhor a área de plantio com os relatórios que são gerados pela ferramenta. ;O agricultor terá mais subsídios para melhorar a qualidade das áreas plantadas e melhorar a produtividade;, afirmou Barros.
As licenças anuais começam a ser comercializadas agora e elas incluem um drive e por hectare a ser mapeado. O preço inicial será de R$ 15 por hectare, para o dólar atual, o preço do drive é de aproximadamente R$ 900. Aqueles que contratarem o serviço para a safra 2017/2018, ganham um iPad. A compra pode ser feita pelo site da companhia: www.climatefieldview.com.br. A promoção para primeira compra da licença por um ano, o cliente que adquirir um drive mais 500 hectares ganha um iPad. Mas o número de iPads varia de acordo com a área contratada, mas limitado a 15 unidades por produtor.
Os dados coletados no plantio, na pulverização e na colheita serão armazenados na nuvem que é gerenciada pelo departamento de dados da Amazon, que é parceira da Monsanto e Barros garante que a privacidade de cada produtor será preservada e só ele terá acesso às informações de sua lavoura.
O executivo evitou revelar investimentos no país com a ferramenta, mas contou que a companhia capacitou 400 pessoas para darem suporte ao produto. Os investimentos totais envolvem a compra da The Climate Corporation pela Monsanto em 2013, por US$ 930 milhões. Atualmente, a companhia norte-americana está em processo de fusão com a gigante alemã Bayer.
A Climate FieldView foi lançada nos Estados Unidos em 2015, e, nesses dois anos, de acordo com Barros, a plataforma mapeou 40 milhões de hectares nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil. Com os 130 produtores do projeto piloto brasileiro, a ferramenta mapeou cerca de 400 mil hectares.
De acordo com Barros, o Brasil é o primeiro país a ter o lançamento nacional dessa ferramenta. O software faz mapeamento do plantio e da colheita de soja e milho; do plantio de algodão e da colheita de trigo, cevada e feijão. A companhia pretende iniciar os testes na Argentina a partir de setembro. Canadá e Europa ainda estão em fase de lançamento.
*a jornalista viajou a convite da Monsanto

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