Economia

Com índice em queda, reajuste de aluguel pelo IGP-M será de 1,57%

Índice tem deflação pelo segundo mês consecutivo e fecha maio com queda de 0,93%. Especialistas aconselham a negociar renovação de contrato com percentual mais baixo

Marlla Sabino*, Andressa Paulino*
postado em 31/05/2017 06:00

O contrato de Malvina será renovado neste mês:


O Índice Geral de Preços ; Mercado (IGP-M), usado para reajustar contratos imobiliários, perdeu força e fechou negativo em 0,93% em maio, segundo a Fundação Getulio Vargas. No mesmo período em 2016, subiu 0,82%. A taxa registrada é a mais baixa para o mês de maio da série histórica, iniciada em 1989. Esse foi o segundo mês consecutivo de deflação ; em abril, o índice recuou 1,1%. Em 12 meses, o IGP-M registrou alta de 1,57%.


Apesar de a taxa ter ficado baixa, imobiliárias e locatários estão abertos à negociação e propostas de índices de reajuste mais baixos ou à própria manutenção do preço cobrado para evitar que os imóveis fiquem desocupados. ;Os dois lados saem ganhando. Para muitos proprietários, não é interessante pedir o reajuste, por mais que seja baixo, já que manter um imóvel vazio custa no próprio bolso;, avaliou Jeane Alves, gerente administrativa da Zilmar Imoveis.

Com a queda na procura por locação nos últimos meses e o aumento do volume de imóveis disponíveis, as corretoras usam todas as táticas para manter o inquilino. Uma das maneiras para manter o contrato é evitar repassar todo o reajuste. ;Aqui, quando há pedido do inquilino e consentimento do proprietário, aplicamos 50% do índice na hora de renovar, o que custa muito menos no bolso do cliente. É como estamos garantindo as locações;, explicou a auxiliar administrativo Lettícia Wolff, da Littieri Imobiliária. ;Cerca de 90% dos nossos contratos estão sendo feitos por meio da combinação entre proprietário e inquilino;, disse.

O possível aumento é uma preocupação para a cuidadora de idoso Malvina da Silva, 23 anos. O aluguel do apartamento que divide com o pai é de R$ 650, mas ela faz questão de garantir o desconto de R$ 50 pela pontualidade no pagamento. ;Estou morando aqui há um ano e pretendo renovar o contrato no mês que vem. A corretora já disse que haverá um reajuste, mas ainda não falou de quanto;, contou. Mesmo não sendo alto, o valor muitas vezes compromete ainda mais o já combalido orçamento doméstico. ;Aqui as coisas já são apertadas, pois dividimos apenas para duas pessoas. Dependendo do valor, se for muito além do que podemos pagar, teremos que procurar outro lugar para morar;, admitiu.

Morando de aluguel há 10 anos, Malvina reclamou da falta de segurança na renovação do contrato, já que as pessoas estão sujeitas a aumentos e nem sempre há abertura para negociar. ;Quando vim morar aqui, não negociei e aceitei o valor pedido pelo dono. Acredito que compensa estar com um inquilino que paga no dia e cuida do imóvel;, considerou.

Segundo a diretora da área de renovação e reajuste de aluguel da Thais Imobiliária, Valdineia Santana, muitos clientes não pedem mais para reduzir o valor das mensalidades, apenas para manter o preço e aconselhou que as pessoas tentem barganhar com os donos para evitar os reajustes. ;O poder de negociação do cliente é alto e, como há muito imóvel disponível, o dono acaba cedendo;, revelou. Para ela, esse posicionamento continuará nos próximos meses e aumentos pela variação completa do índice apenas devem voltar a ser praticados no começo de 2018. ;O mercado está voltando a aquecer e estamos com uma boa expectativa de resultados melhores nas locações do que vimos nos anos anteriores;, afirmou.

Supersafra

Os principais fatores para o resultado do IGP-M, de acordo com o superintendente adjunto de Índices Gerais de Preços da FGV, Salomão Quadros, são a supersafra da produção agrícola, a redução no valor do minério de ferro e dos derivados de petróleo nos últimos dois meses. ;Não estamos enfrentando os mesmos problemas climáticos do ano passado;, afirmou. ;O preço do minério, associado com a movimentação no mercado externo, também teve forte participação. A China, o grande comprador, está estocada e o preço não está se sustentando;, ressaltou.

Apesar da queda em abril e maio, Quadros acredita que o índice voltará a subir nos próximos meses. ;Talvez ainda tenha resíduos de deflação no mês que vem, mas os preços agrícolas já chegaram ao limite e o mercado internacional está se estabilizando;, apontou. No ano, o IGP-M acumula, até maio, -1,29%.

* Estagiárias sob supervisão de Rozane Oliveira

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