A cada ano que passa, o Brasil fica menos competitivo internacionalmente. A conclusão é da escola de negócios suíça IMD, que, em parceria com a Fundação Dom Cabral, divulgou relatório sobre o tema ontem. O documento mostrou que o país despencou 10 posições nos últimos cinco anos no ranking de países mais competitivos do mundo. Em 61; lugar entre as 63 economias avaliadas, perdendo apenas para Mongólia e Venezuela, o Brasil conquistou o status de segundo país menos competitivo da América. No anuário de 2016, estava na 57; posição.
O ranking considera quatro pilares: performance econômica, eficiência de governo, eficiência empresarial e infraestrutura. Em relação ao primeiro, o Brasil foi ultrapassado por 17 países nos últimos cinco anos: da 42; colocação, em 2013, passou para a 59; este ano. O ponto que mais que trava a competitividade brasileira, de acordo com o estudo, é a crise política e econômica, sendo a corrupção um dos componentes de destaque. ;Era esperado ver países como Ucrânia, Brasil e Venezuela abaixo na lista, porque ouvimos falar muito sobre os problemas políticos desses países nos noticiários. Esses problemas são a raiz da baixa eficiência governamental que os puxa no ranking;, explicou o diretor do Centro de Competitividade do IMD, Arturo Bris.
O Brasil sofreu ainda com a baixa eficiência do setor privado ; problema também observado na Argentina, que caiu da 55; para a 58; posição ; e com a situação ruim do mercado de trabalho, que também afetou o México (da 45; para a 48;). A não ser pelo Chile, que subiu da 36; para a 35; posição, todos os países da América Latina caíram no ranking, devido principalmente à fraca performance econômica e à piora da eficiência governamental. No segundo quesito, o Brasil foi da 58; para a 62; posição nos últimos cinco anos, ficando atrás apenas da Venezuela em 2017.
Para que se recupere, o país precisa reconquistar a confiança internacional. A IMD elencou como desafios para 2017 para o mercado brasileiro acelerar a recuperação econômica e modernizar as regulações, por meio das reformas-chave. Outro obstáculo que precisa ser superado é o desenvolvimento de uma estratégia de competitividade digital.
Topo da lista
Em primeiro lugar no ranking, publicado desde 1989, ficou Hong Kong, pelo segundo ano consecutivo, com destaque para a boa infraestrutura do país. O segundo lugar se manteve com a Suíça. Já a terceira e a quarta colocações foram invertidas. Enquanto os Estados Unidos saíram do top 3 e passaram a ser considerados o quarto mais competitivo do mundo, Singapura, que ano passado estava em quarto, passou a ocupar o terceiro lugar do pódio. Segundo a IMD, as diferenças entre os melhores são muito pequenas, o que faz com que seja comum esse tipo de mudança.
Segundo Cabolis, não existe uma ;receita; para ficar entre os melhores. ;Vários pontos são levados em conta. No top 10 da lista, tem países com modos de produção e sistemas políticos diferentes;, explicou.