Rosana Hessel
postado em 01/06/2017 12:29
O crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, embora tenha sido comemorada com entusiasmo pelo governo, é visto com ressalva por especialistas.
Alguns economistas defendem que há necessidade de haver crescimento de pelo menos dois trimestres consecutivos para se afirmar, com segurança, de que o país saiu da recessão. O critério segue a mesma lógica que exige queda em dois semestres seguidos para se considerar recessão técnica.
Outros analistas preferem olhar a tendência do PIB no desempenho acumulado de quatro trimestres. Nessa base de comparação, o Brasil registra queda de 2,3%, embora a intensidade da queda venha diminuindo.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, conta que prefere olhar para esse número. ;Pelas nossas estimativas, essa taxa deverá ficar positiva somente no terceiro trimestre, considerando as condições econômicas atuais. Se essa previsão for confirmada, aí poderemos afirmar que o país saiu da recessão;, explicou.
Além disso, na comparação interanual do primeiro trimestre em relação aos primeiros três meses de 2016, a economia também continua em queda, como lembrou Agostini. Nessa base, o PIB encolheu 0,4% e está caindo há 12 trimestres consecutivos. Com esse resultado, o país está na lanterna de desempenho entre 39 países levantados pela empresa nacional de classificação de risco. Nesse ranking, o Brasil ficou atrás até de Grécia e Rússia.
O próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ponder os resultados. A despeito do crescimento de 1,0% da atividade econômica no primeiro trimestre de 2017 ante o quarto trimestre de 2016, o PIB brasileiro ainda está no patamar do ano de 2010, ressaltou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Incertezas
O mercado prefere se manter atento aos próximos números e à conjuntura geral. A crise política e o andamento das reformas da Previdência e trabalhista podem interferir no desempenho da economia.
;O cenário político ainda está muito turbulento e interfere nas previsões para o desempenho do PIB de 2017 e de 2018 em virtude de risco da não aprovação da reforma da Previdência, que é fator fundamental para desatar o nó das expectativas dos agentes econômicos, que, por sua vez, impacta diretamente na alocação de recursos para investimentos em máquinas e equipamentos;, afirmou Agostini.
Segundo ele, a Austin, por enquanto, mantém a projeção de alta de 0,7% do PIB, neste ano, e de 2,2%, no ano que vem. ;Estou sendo realista dadas as condições atuais. A economia é dinâmica. Temos que pontuar o momento. Se não houver avanço das reformas, aí sim, essas projeções podem mudar para pior, principalmente, a partir de 2018;, alertou.