Agência Estado
postado em 05/06/2017 19:18
A cautela com o cenário político indefinido aumentou a procura e reduziu a oferta por dólares nesta segunda-feira (5/6). Como resultado, a divisa norte-americana teve alta firme. O viés político por trás da pressão sobre o dólar ficou mais evidente à tarde, quando as cotações registraram os picos do dia, enquanto a moeda recuava ante a maioria das moedas de países emergentes. No mercado à vista, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,09%, cotado a R$ 3,2894.
"O dólar refletiu um desconforto do mercado diante de toda a questão política. Nesse clima de cautela e expectativa, mesmo quem tem moeda para vender acaba segurando, para aguardar o desenrolar dos eventos da semana", disse José Carlos Amado, operador da Spinelli Corretora.
Se na sexta-feira os negócios já indicavam um aumento do posicionamento defensivo do investidor, hoje a tensão foi ainda maior, por conta da prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), no último sábado. A detenção do ex-assessor especial do presidente Michel Temer elevou os temores de um eventual acordo de delação premiada por parte dele, hipótese que a defesa do ex-assessor nega.
Em meio ao ambiente de intensa especulação está a expectativa pela sessão de amanhã do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que poderá cassar a chapa eleitoral Dilma-Temer, sob acusação de abuso de poder político e econômico. O julgamento está previsto para as 19 horas, o que deve garantir mais um dia de inquietação no mercado. Mesmo que não haja pedido de vista do relatório do ministro Herman Benjamin - como se espera - o julgamento pode se estender por até quatro sessões.
A agenda da semana também reserva a possibilidade de votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, em sessão prevista para amanhã. No cenário externo, os principais eventos marcados todos para quinta-feira. Nesse dia haverá as eleições no Reino Unido, reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e, ainda, o depoimento de James Comey, ex-diretor do FBI, demitido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em maio.
Com o resultado de hoje, o dólar passa a contabilizar alta de 4,96% ante o real desde a deflagração da atual crise política, com a divulgação do teor de conversas do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista, dono da JBS.