Economia

CVM abre investigação envolvendo JBS para avaliar programa de recompra

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abre o 11º processo para analisar a atuação da empresa e de subsidiárias da controladora J, dos irmãos Batista. O mais recente pretende avaliar a negociação de ações em programa de recompra aberto em 8 de fevereiro

Rosana Hessel
postado em 07/06/2017 06:00
Presidente da autarquia, Leonardo Pereira diz que o prazo entre a abertura e o julgamento é de 18 meses

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma nova investigação envolvendo a JBS e subsidiárias da controladora J, totalizando nove processos administrativos e dois inquéritos em curso. Esses processos foram abertos após a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J, divulgada no último dia 17 de maio, que atingiu o presidente Michel Temer.

No processo mais recente, a autarquia pretende avaliar a negociação de ações da companhia no âmbito do programa de recompra aberto pela JBS em 8 de fevereiro, de acordo com comunicado divulgado ontem pela CVM.

A autarquia também instaurou dois processos de fiscalização externa, que estão em andamento desde o último dia 23. O primeiro, por solicitação da Superintendência de Normas Contábeis e de Auditoria (SNC), visa fiscalizar a empresa BDO RCS Auditores Independentes sobre determinados procedimentos de auditoria realizados nas demonstrações financeiras da JBS referentes ao período de 2013 a 2016.

O segundo, também solicitado pela SNC, tem como alvo a KPMG Auditores Independentes e procura esclarecimentos sobre determinados procedimentos de auditoria realizados nas demonstrações financeiras da JBS do período de 2009 a 2012.

Apesar de a CVM não precisar quando deverá concluir as investigações em curso, o atual presidente do órgão, Leonardo Gomes Pereira, termina seu mandato em 14 de julho e quer avançar o que puder nas investigações antes de passar o comando ao seu sucessor. Segunda-feira, Pereira afirmou, em São Paulo, que o assunto está sendo tratado como prioridade na autarquia. ;Abrimos os processos em tempo recorde e queremos julgar tão rápido quanto possível;, afirmou.

Conforme o presidente da CVM, no entanto, não há expectativa de que os casos sejam concluídos antes de sua saída. Ele explicou que o prazo estimado entre a abertura de processo e o julgamento, atualmente, é de cerca de 18 meses.

Especulações

Dos nove processos administrativos, o primeiro, aberto em 17 de maio, busca esclarecer especulações envolvendo a delação dos controladores da JBS. O segundo, instaurado em 19 de maio, analisa reclamação de investidor sobre compras de dólares pela JBS antes da divulgação da delação. O terceiro, também aberto em 19 de maio, trata de indícios de crime de uso de informação privilegiada, detectados em operações no mercado de dólar futuro e em negócios com ações no mercado à vista.

Aberto em 19 de maio, outro processo analisa a atuação do Banco Original, controlado pela J, no mercado de derivativos. Uma investigação instaurada em 22 de maio avalia notícia sobre influência no Conselho de Administração da BRF. O sexto processo administrativo, de 23 de maio, investiga a veracidade de informações dos controladores da Blessed Holdings, sociedade sediada nos Estados Unidos que faz parte do grupo. Também aberta em 23 de maio, a sétima investigação analisa a conduta dos acionistas da JBS em relação aos fatos que ensejaram a celebração de acordo de colaboração premiada. O oitavo processo, de 26 de maio, questiona a veracidade de notícia sobre uso de aeronave da companhia por Joesley Batista.

Poupança volta ao azul

O volume de recursos depositados na poupança em maio, já descontados os saques, somou R$ 292,6 milhões, informou o Banco Central. Em maio do ano passado, houve saques líquidos de R$ 6,6 bilhões e, em abril passado, retiradas de R$ 1,3 bilhão. Foi a primeira captação líquida mensal de 2017. Os dois últimos dias de maio (30 e 31), quando geralmente o volume de depósitos sobe em função do pagamento de salários, foram fundamentais para o mês fechar no azul. Juntos, esses dois dias somaram R$ 4,5 bilhões em depósitos, já descontados os saques. No acumulado de 2017, a poupança registra perda líquida de R$ 18,4 bilhões.

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