Agência Estado
postado em 07/06/2017 18:31
O movimento dos negócios na bolsa nesta quarta-feira (7/6), evidenciou, uma vez mais, a indisposição dos investidores em tomar riscos diante das incertezas que se colocam na cena política no segundo dia do julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da ação sobre abuso político-econômico da chapa Dilma-Temer. Ainda assim, o Ibovespa fechou em alta (0,34%) no novo suporte, aos 63.170,73 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,58 bilhões, levemente abaixo do registrado na véspera.
O pregão abriu esta quarta-feira renovando máximas e refletindo bom humor dos investidores com relação à aprovação da reforma trabalhista ontem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em meio ao início da sessão de julgamento do TSE. Mas o ambiente se modificou e seguiu fraco desde então. "Hoje o mercado abriu animado, entretanto, voltamos ao preço da abertura", nota Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. "Tem um lado do mercado que aposta na absolvição de Temer."
[SAIBAMAIS]No meio da tarde, o volume de negócios desacelerou acentuadamente. Isso ocorreu após a suspensão do julgamento, que será retomado amanhã de manhã e, segundo o presidente do tribunal, Gilmar Mendes, uma sessão extra deve ser convocada para as 14 horas. O giro projetado da bolsa que era próximo de R$ 8 bilhões para o dia estava em R$ 6,20 bilhões às 15h14.
A queda forte do preço do petróleo no mercado externo assim como do minério de ferro refletiu nas ações da Petrobras e Vale, que fecharam o pregão em baixa de 2,35% (PN) e 0,49% (ON).
Sustentando o índice no terreno positivo, as blue chips das quatro maiores instituições financeiras mostraram recuperação. Em 30 dias, Banco do Brasil - afetado por riscos políticos - acumula perda de 12,72%, Bradesco, de 9,64%, ItauUnibanco, de 5,39%. Santander, cuja matriz anunciou hoje a compra do Banco Popular Espanhol, liderou a alta do bloco financeiro, mas, ainda assim, seguiu com perdas acumuladas no mês de 5,4%.
Na avaliação do economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, os bancos se sustentam na perspectiva de continuidade de queda dos juros, pois estimula a tomada de crédito e, consequentemente, o crescimento. Para ele, há interpretações de que o problema não está mais atrelado ao destino do presidente. "O mercado é pragmático. Ele saindo ou não, espera-se que seja possível dar estímulo monetário histórico no Brasil, em condições que não gere inflação. Estamos em um raro momento de cortar juro de maneira crível", afirmou.