Em maio, pela quarta vez consecutiva, a maioria dos trabalhadores celetistas da iniciativa privada tiveram ganho real de salários. E apenas 4,1% dos reajustes negociados entre patrões e empregados ficaram abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 4, 1%, nos últimos 12 meses. Além disso, em 2017, houve uma queda de 77% nos acordos com redução de salário e de jornada. Foram, no total, 151, em 2016, contra 34, neste ano, no período de janeiro a maio. Os dados são do Indicador Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
;Um ponto muito importante é que 95,9% dos assalariados ou repuseram a inflação, ou tiveram ganho real em maio. Percentual que não se via desde meados de 2014, quando apenas 2% tiveram reajuste abaixo da inflação;, destacou o economista Helio Zylberstajn, coordenador do levantamento. De acordo com o estudo, os ganhos reais foram de 1% acima do INPC. ;Pode até parecer pequeno, mas é uma alta importante, tendo em vista que a produtividade no país está estagnada há muito tempo;, explicou.
Esses ganhos salariais tendem a permanecer, explicou o economista, já que a previsão é de queda no INPC, a 3,35%, em junho, 3,09%, em julho, 2,73%, em agosto, e 2,69%, em setembro. ;Isso é bom para o trabalhador. O reajuste nominal de maio foi igual ao de abril (5%), mas, com a queda da inflação, o ganho real se ampliou de 0,4% para 1%;, destacou. Outro dado importante, disse, é que os acordos (negociação específica em uma empresa ou grupo de empresas) foram mais favoráveis que as convenções coletivas (quando o sindicato negocia por categorias em todo o país).
Acordos x convenções
A mediana dos pisos negociados em maio de 2017 foi de R$ 1.127 (20% maior que o salário mínimo, de R$ 937). Nas convenções, o piso mediano foi de R$ 1.081, enquanto, no acordo, de R$1.155. Em maio, quem participou dos acordos teve aumento médio de 5,4%, maior do que os que preferiram as convenções e ficaram com a média de 4%. O Salariômetro apontou, ainda, que, de julho de 2016 a maio de 2017, o estado com maior ajuste salarial foi o Tocantins (0,42%), seguido de Alagoas (0,20%), Roraima (0,18%), Ceará (0,02%) e Rio Grande do Sul (0,01%). Os que tiveram menos ganhos foram Acre (-3,70%), Amazonas (-0,62%), Espírito Santo (-0,50%), Mato Grosso do Sul e Distrito Federal (-0,01%, ambos).
As categorias com maiores percentuais de reajuste foram as de condomínios e edifícios (1,42%), bancos e serviços financeiros (0,44%), limpeza urbana, asseio e conservação (0,42%), estacionamentos e garagens (0,41%) e bares, restaurantes, hotéis e diversão e turismo (0,21%). Entre os menos contemplados estão os empregados em estação e refino de petróleo (-4,62%), empresas jornalísticas (-1,11%), comércio de derivados de petróleo (-1,05%), publicidade e propaganda (-1%) e refeições coletivas (-0,58%)
Em março de 2017, último dado disponível na Caixa Econômica Federal, segundo Zylberstajn, a folha salarial dos celetistas no país chegou a R$ 101,7 bilhões, cifra 2,2% menor que a observada em fevereiro anterior (R$ 104 bilhões) e 0,9% menor que a de março de 2016 (R$ 102,6 bilhões). (VB)
BNDES vai emprestar mais
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, reforçou ontem a determinação de emprestar mais para ajudar a recuperação da economia. Em conjunto com o presidente do Banco do Brasil (BB), Paulo Rogério Caffarelli, ele citou iniciativas para ampliar as linhas para pequenas e médias empresas. Segundo Caffarelli, a intenção é tornar mais atrativas as linhas de crédito já existentes no BNDES e repassadas por outros bancos, possivelmente, com juros mais baixos do que os oferecidos atualmente. A linha deve ser lançada no segundo semestre. Rabello de Castro anunciou ainda que o banco estuda lançar o BNDES Direto, nos moldes do Tesouro Direto, plataforma eletrônica de venda de títulos públicos para investidores pessoa física.