[SAIBAMAIS]Além das preocupações com as reformas, o mercado segue de olho em novas denúncias contra o presidente Michel Temer, enquanto aguarda por desdobramentos. Ainda assim, algum movimento vendedor foi visto durante o pregão ajudado por um ambiente externo mais tranquilo e pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) com projeções de queda da inflação e mais corte nos juros
Incertezas políticas ainda são o principal motivo da apreensão do investidor. "O mercado está temeroso de que sejam divulgadas mais notícias que afetem o governo e deixem as reformas mais distantes", disse Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do grupo Confidence. Hoje à tarde, a informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, poderá apresentar três denúncias contra o presidente Michel Temer com base nas delações da JBS não chegou a fazer preço no câmbio, mas foi acrescentada na lista de desconfortos, apontou um operador.
O investidor segue na espera pela votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima semana, de olho também na reforma da Previdência. "O mercado trabalha com a hipótese de ser aprovada apenas a redução da faixa etária da aposentadoria e isso não seria dentro do esperado", pontuou Pellegrini, da Confidence.
Apesar de o movimento comprador ter prevalecido, a ponta vendedora se destacou durante a tarde. Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, a retração ocorreu porque o dólar atingiu patamares de interesse de venda ao menos no curto prazo. "O dólar a R$ 3,34 já é um patamar elevado, o que abre oportunidade de venda", destacou Júnior.
Já o diretor da Confidence afirmou que o dólar conseguiu espaço para voltar por causa das previsões do RTI de inflação mais baixa. De acordo com o documento, o mercado prevê IPCA de 3,8% em 2017. A mais recente ata do Comitê de Política Monetária citava previsão de alta de 4,0%.
No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,26%, aos R$ 3,3400, o maior nível desde 18 de maio, um dia após as denúncias envolvendo Temer no escândalo das delações da JBS. O giro financeiro registrado somou US$ 1,29 bilhão. Na mínima ficou em R$ 3,3225 (-0,26%) e, na máxima, aos R$ 3,3493 (%2b0,37%). No mercado futuro, o dólar para julho avançou 0,10%, aos R$ 3,3470. O volume financeiro movimentado foi de US$ 15,57 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,3290 a R$ 3,3560.