Agência Estado
postado em 23/06/2017 13:08
O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) na terceira quadrissemana de junho teve a primeira deflação (-0,12%) desde a primeira quadrissemana de agosto de 2013 (-0,02%), informou o coordenador do índice na Fundação Getulio Vargas, Paulo Picchetti. A queda foi inesperada para Picchetti, que estimava uma variação próxima a essa (-0,10) para o fechamento do mês. "Certamente, essa deflação será maior no fim de junho", afirma.
Por isso, o economista revisou sua projeção para o IPC-S de junho para deflação de 0,30%, que, se confirmada, será o menor resultado para o indicador em 11 anos, já que no sexto mês de 2006 a variação foi de -0,40%.
O índice de difusão - que mede o quão espalhada está a alta dos preços - ficou abaixo de 50%, em 49,71%, patamar que não alcançava desde julho de 2013, quando também ficou em 49,71%. Isso, segundo Picchetti, reforça o alívio generalizado nos preços, para além do choque favorável de alimentos, da queda de energia elétrica graças à adoção da bandeira verde no mês e do recuo dos combustíveis.
"Esses fatores são os principais responsáveis pela expectativa de deflação no mês, mas sem esses itens, o índice ainda estaria em patamar muito baixo. Isso em termos de dinâmica de inflação é uma ótima notícia, mas tem um lado negativo, pois um dos principais motivos desse arrefecimento é a recessão."
Em Alimentação (-0,39% para -0,57%), o economista destaca, no IPC-S da terceira quadrissemana, os declínios em batata inglesa, tomate, cebola, que subiram muito no início do ano, assim como de carne bovina (0,13% para -0,88%), que nesta época do ano costuma ter alta de preços por causa da entressafra do período de secas.
Na avaliação de Picchetti, a queda na proteína animal se explica pela maior abundância de chuvas do que o normal, além da maior oferta de carne no mercado interno em função dos problemas que enfrenta a indústria brasileira desde a deflagração da Operação Carne Fraca, em março deste ano, que pode se intensificar com esse novo embargo dos Estados Unidos.
Por outro lado, o feijão carioca (21,47% para 29,02%), item bastante consumido pelos brasileiros, continua subindo. "É um dos poucos produtos que está pressionando o índice para cima." Mas Picchetti avalia que essa elevação de preços não deve se intensificar, uma vez que, na ponta (pesquisas mais recentes) continua no mesmo patamar do que o apurado na medição divulgada nesta sexta-feira.
A alface também está destoando do restante do grupo de hortaliças e legumes, que aprofundou a deflação de 5,34% para queda de 6,48%, e passou a subir na terceira quadrissemana (-2,94% para 2,07%). "Mas não preocupa, há vários outros itens desacelerando", reforça.