Jornal Correio Braziliense

Economia

Levantamento mostra em quais supermercados produtos estão mais baratos

Conforme o Correio verificou, a maioria dos itens mostrou estabilidade nesta semana, mas houve aumento em itens como carne bovina e tomate

Em alguns mercados, o quilo do tomate estava 80% mais caro do que na semana passada. Já o contrafilé, que podia ser encontrado por cerca de R$ 20 o quilo na maioria dos estabelecimentos no levantamento anterior, registrou preços em torno de R$ 40 nesta semana. Itens de uso pessoal também subiram, como o papel higiênico, que teve alta de até 70%.

Para alívio do consumidor, porém, a maioria dos produtos manteve os mesmos valores e alguns artigos registraram diminuição nos preços. Itens como café, óleo de soja, margarina, cebola e laranja caíram até 30%. O óleo de soja, por exemplo, pode ser encontrado até 34% mais barato. E o quilo da cebola, que antes era vendido por R$ 2, podia ser comprado por até R$ 1,79 nesta semana.

De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as vendas no setor registraram queda de 6,67% em maio, na comparação com abril. De janeiro a março, no entanto, houve aumento de 0,61% em relação ao mesmo período do ano passado.

Para o presidente da Associação, João Sanzovo Neto, a elevação nos primeiros meses do ano teve como causa a melhoria nos indicadores de emprego e a queda da inflação. ;Nos últimos dois meses, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou elevação no número de postos de trabalho, e a inflação tem se mantido em baixos patamares, fatores que influenciam diretamente no resultado acumulado das vendas do setor;, afirmou.


Queixas

Apesar de a média dos preços mostrar maior estabilidade, muitos consumidores reclamam do alto custo de alguns produtos, e é recorrente a queixa contra o aumento contínuo de alguns itens. Para boa parte dos brasilienses, a solução é pesquisar bastante e buscar promoções. É o que faz a funcionária pública Eliene Varela, 47 anos. ;Para poupar dinheiro na hora das compras, eu procuro pesquisar bastante e vir ao mercado sempre que há ofertas. Assim, economizo e até compro alguns produtos de acordo com a marca se eles estiverem baratos;, contou.

A crise financeira provocou queda na renda de muitas famílias ; e nem sempre o motivo foi a perda do emprego. ;Mesmo sendo aposentado, a renda da minha família diminuiu 80% com essa recessão. Nós tivemos que mudar hábitos, senão as contas não iam caber no orçamento;, afirmou o ex-militar José Corado, 67 anos. Para a aposentada Maria Ieda Fontenele, 58 anos, a economia vai além das compras de casa. ;Não é só na alimentação que procuro economizar, é em tudo: vestuário, diversão, transporte. Onde puder, eu corto gastos;, completou.

De acordo Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional de Comércio, para driblar o custo de vida, os consumidores cortam gastos considerados supérfluos e estão indo muito além do carrinho de compras. ;As pessoas estão deixando de fazer viagens, comprar carros. A economia vai além do supermercado;, afirmou.

Segundo Bentes, os preços não deixaram de aumentar, mas estão crescendo menos. Mas, com a renda geralmente insuficiente, muitos não notam a diferença. ;Na média, os preços estão subindo menos que no mesmo período de 2016. A inflação anual está em torno de 3%, e muitos produtos estão tendo aumentos menores que o da inflação. O consumidor tende a ter uma percepção da média e não de preços específicos, e esse é um dos fatores pelos quais ele não consegue notar essa diferença;, explicou o economista.

Para os próximos meses, a previsão é menos animadora. Segundo Bentes, a tendência é que os índices de custo de vida tenham altas maiores que as registradas atualmente. ;Não há expectativa de deflação nos meses seguintes. A projeção é que, em média, os preços subam, daqui para a frente, entre 3% e 3,5%;, afirmou.

* Estagiária sob supervisao de Odail Figueiredo