Simone Kafruni
postado em 30/07/2017 06:00
Os acionistas da Vale têm até 11 de agosto para trocar ações preferenciais por ordinárias. Isso porque a mineradora está em pleno processo de transição, promovendo uma reestruturação societária que permitirá à companhia ingressar no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), nível de governança corporativa mais elevado, com práticas adotadas pelas grandes empresas globais. Na opinião de especialistas, a mudança tem potencial de elevar a nota de crédito da Vale e valorizar seus papéis, que se tornarão mais atrativos a investidores estrangeiros.
Para viabilizar a operação, no entanto, pelo menos 54,09% dos acionistas precisam aderir voluntariamente à conversão até 11 de agosto. O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, ao anunciar o resultado trimestral da companhia, garantiu que a reestruturação superou as expectativas. ;Temos tido adesão em grandes números de pessoas físicas e fundos passivos. Esperamos uma conversão muito bem-sucedida. Veremos a liquidez das ações migrarem substancialmente para ações ordinárias, asfaltando o caminho para transformar a companhia na ;corporation; que queremos, para que possamos trabalhar sem intervenções indesejáveis por parte do poder público;, afirmou.
O funcionamento atual da governança da Vale tem controle exercido, desde a privatização, em 1997, pela Valepar, com 33,7% do capital total e 53,8% das ações ordinárias. A composição societária da Valepar é 49% do Litel Participações, dos fundos de pensão; 21,2%, do Bradespar; 11,5%, do BNDESpar; e 18,2%, da Mitsuo. Com isso, há diversos níveis de decisão, com necessidade de reuniões, prévias, e baixa influência de acionistas minoritários.
A reestruturação em curso prevê a conversão das ações preferenciais (PN), que, como o nome diz, têm preferência para receber dividendos, mas não têm direito a voto, em ordinárias (ON), com direito a voto. A troca será na razão de um papel PN para 0,9342 ON, com base em preços de mercado. A unificação das classes dos papéis resultará em uma pulverização do capital e dissolução da Valepar, que será incorporada pela Vale, com prêmio de 10%. Assim, os acionistas da Valepar se tornarão acionistas diretos da Vale. Com isso, a companhia se credencia para se adequar às regras do Novo Mercado da B3.